São Paulo, quarta-feira, 16 de maio de 2007

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CLÓVIS ROSSI

Herói, só lá longe

PARIS - O jornal "Le Monde" diz que "a coragem do general Carlos Alberto dos Santos Cruz, que não hesitou em apresentar-se na linha de frente diante dos bandidos, é unanimemente reconhecida".
O general Santos Cruz, como denuncia o nome, não é francês, nem norte-americano, nem de qualquer outro país de heróis mais ou menos famosos. É brasileiro e comanda a missão das Nações Unidas que está no Haiti.
Missão que, ao menos na visão do "Monde", começa a dar resultados. E é missão policial, muito mais que militar. Tanto que os seqüestros, que eram 200 por mês no fim de 2006, caíram para 8 em abril.
Já, já, até no Haiti haverá menos seqüestros que em São Paulo. Enquanto isso, no Brasil, continua a política do avestruz, a de enfiar a cabeça na terra em vez de discutir seriamente políticas, e principalmente ações, contra o crime organizado e a violência a ele inexoravelmente associada.
Foge-se, como é bem brasileiro, até de discutir a eventual intervenção do Exército. Ou seja, o Exército brasileiro pode desempenhar missões policiais no exterior, mas não se pode nem falar do assunto no Brasil. Repito: eu não sei se a intervenção do Exército em um âmbito que é policial será ou não positiva. Mas sei que é absurdo interditar o debate a respeito.
Ainda mais depois de ler a reportagem de Raul Juste Lores sobre as operações do Exército mexicano em diferentes zonas do país que estavam (ou ainda estão) sob controle do narcotráfico.
Na verdade, é bem mais que uma operação. A maioria dos observadores externos diz que se trata de uma espécie de "tudo ou nada". Ou se restabelece a lei e a ordem, sem as quais nenhum país pode funcionar civilizadamente, ou a barbárie tomará conta de vez. Não é um cenário diferente do brasileiro. Em ambos, deixar como está para ver como fica não é alternativa.


crossi@uol.com.br

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