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CLÓVIS ROSSI
Herói, só lá longe
PARIS - O jornal "Le Monde" diz
que "a coragem do general Carlos
Alberto dos Santos Cruz, que não
hesitou em apresentar-se na linha
de frente diante dos bandidos, é
unanimemente reconhecida".
O general Santos Cruz, como denuncia o nome, não é francês, nem
norte-americano, nem de qualquer
outro país de heróis mais ou menos
famosos. É brasileiro e comanda a
missão das Nações Unidas que está
no Haiti.
Missão que, ao menos na visão do
"Monde", começa a dar resultados.
E é missão policial, muito mais que
militar. Tanto que os seqüestros,
que eram 200 por mês no fim de
2006, caíram para 8 em abril.
Já, já, até no Haiti haverá menos
seqüestros que em São Paulo.
Enquanto isso, no Brasil, continua a política do avestruz, a de enfiar a cabeça na terra em vez de discutir seriamente políticas, e principalmente ações, contra o crime organizado e a violência a ele inexoravelmente associada.
Foge-se, como é bem brasileiro,
até de discutir a eventual intervenção do Exército. Ou seja, o Exército
brasileiro pode desempenhar missões policiais no exterior, mas não
se pode nem falar do assunto no
Brasil. Repito: eu não sei se a intervenção do Exército em um âmbito
que é policial será ou não positiva.
Mas sei que é absurdo interditar o
debate a respeito.
Ainda mais depois de ler a reportagem de Raul Juste Lores sobre as
operações do Exército mexicano
em diferentes zonas do país que estavam (ou ainda estão) sob controle
do narcotráfico.
Na verdade, é bem mais que uma
operação. A maioria dos observadores externos diz que se trata de uma
espécie de "tudo ou nada". Ou se
restabelece a lei e a ordem, sem as
quais nenhum país pode funcionar
civilizadamente, ou a barbárie tomará conta de vez. Não é um cenário diferente do brasileiro. Em ambos, deixar como está para ver como fica não é alternativa.
crossi@uol.com.br
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