São Paulo, sexta-feira, 16 de maio de 2008

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ELIANE CANTANHÊDE

Super Tucano

BRASÍLIA - Não, não se trata do Super Tucano da Embraer, o avião que faz sucesso no mundo todo. Trata-se do super tucano infiltrado na Casa Civil de José Dirceu e que sobreviveu com Dilma Rousseff.
Definitivamente, fazer oposição não é o forte do PSDB, mas, enfim, aparece esse tucanão competentíssimo. Não é que o homem não só é vinculado como é (ou era) filiado ao PT? Não é que chegou a disputar eleição pelo partido? Não é que ele está articulado com os petistas desde que trabalhava no TCU, como funcionário concursado? Não é que atuava lado a lado com Dirceu nas memoráveis CPIs contra os outros?
Não é que conseguiu se esgueirar pela rampa do Planalto e ganhar mesa, cadeira, telefone e computador na Casa Civil com Dirceu? E continuar com Dilma?
Taí, o cabra é bom da peste e só perdeu para a tecnologia, que foi acionada por Dilma para fisgar o tucano traidor, descobriu tudo e revelou ao país: foi o tucanão José Aparecido Nunes Pires, instalado estrategicamente dentro da Casa Civil (por Serra? Aécio? Álvaro Dias?), quem cantou todas as pedras do dossiê contra FHC para o PSDB no Congresso.
Realmente, o clima na Casa Civil deve ter ficado insuportável depois de vazar a história do dossiê. Imagina só: um olhando de rabo de olho para o outro, um cochichando no ouvido do outro, todos apontando o dedo para todos, tentando desmascarar o tucano, o traidor. Agora que ele está entregue à CPI e às feras, acabou a brincadeira.
Até porque Aparecido reapareceu jogando água fria na expectativa de que tudo iria esquentar na CPI. Ao entrar com pedido de habeas corpus no Supremo para não ter de abrir a boca, ele mostrou que tem menos vocação para "homem-bomba" e mais para Waldomiro Diniz, Delúbio Soares e outros menos cotados. Lula não sabia, Dilma desmente, Erenice Guerra está na dela, Aparecido vai ficar calado. Dossiê?
Que dossiê?


elianec@uol.com.br

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