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FERNANDO RODRIGUES
Senado à deriva
BRASÍLIA - O vaivém da CPI da
Petrobras é o sintoma mais recente
da fragilidade da base de Lula dentro do Senado. Por mais de uma semana, o Planalto tentou evitar a
instalação da investigação.
Ontem, ao longo do dia, aliados
lulistas se esfalfavam para convencer meia dúzia de senadores a retirar o apoio à CPI. O que aconteceu
para se chegar a uma situação em
que o governo teve de suar frio? Basicamente nada. O PMDB continua
espetando a faca na barriga de Lula,
como sempre fez. O PSDB procura
mimetizar a atitude típica do PT de
anos atrás, vociferando sem parar.
O PT, abúlico, copia o PSDB fernandista, repetindo ser necessário
"pensar no país". E Lula tentou demonstrar surpresa ao saber do risco
de a Petrobras ir para o centro do
picadeiro do Congresso.
A origem da atual descoordenação governista é a relação fisiológica abraçada por Lula desde o início
de governo na hora de tratar com o
Congresso. Essa metodologia produz longos períodos de calmaria,
mas às vezes um interesse contrariado se transforma num fio desencapado. O PMDB está num desses
momentos, depois de perder alguns
cabides de emprego na Infraero. Os
tucanos são indecisos, mas não são
bobos. Perceberam a janela de
oportunidade e tentaram surfar
nessa onda.
Há também outra peça relevante
nesse cenário conturbado no Senado: José Sarney. O senador que fez
carreira no Maranhão, elege-se pelo Amapá e anda sumido do público
foi uma daquelas mercadorias que o
PMDB sempre promete e não entrega. Em janeiro, Sarney era oferecido ao Planalto como o único capaz
de presidir o Senado e mantê-lo
com viés lulista.
Passados menos de quatro meses
de sua posse, Sarney acumula mais
de 20 escândalos sem solução no
Senado. A Casa virou uma espécie
de império do baixo clero bem remunerado. Deve estar causando inveja em alguns deputados.
frodriguesbsb@uol.com.br
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