São Paulo, sábado, 16 de maio de 2009

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FERNANDO RODRIGUES

Senado à deriva

BRASÍLIA - O vaivém da CPI da Petrobras é o sintoma mais recente da fragilidade da base de Lula dentro do Senado. Por mais de uma semana, o Planalto tentou evitar a instalação da investigação. Ontem, ao longo do dia, aliados lulistas se esfalfavam para convencer meia dúzia de senadores a retirar o apoio à CPI. O que aconteceu para se chegar a uma situação em que o governo teve de suar frio? Basicamente nada. O PMDB continua espetando a faca na barriga de Lula, como sempre fez. O PSDB procura mimetizar a atitude típica do PT de anos atrás, vociferando sem parar.
O PT, abúlico, copia o PSDB fernandista, repetindo ser necessário "pensar no país". E Lula tentou demonstrar surpresa ao saber do risco de a Petrobras ir para o centro do picadeiro do Congresso.
A origem da atual descoordenação governista é a relação fisiológica abraçada por Lula desde o início de governo na hora de tratar com o Congresso. Essa metodologia produz longos períodos de calmaria, mas às vezes um interesse contrariado se transforma num fio desencapado. O PMDB está num desses momentos, depois de perder alguns cabides de emprego na Infraero. Os tucanos são indecisos, mas não são bobos. Perceberam a janela de oportunidade e tentaram surfar nessa onda.
Há também outra peça relevante nesse cenário conturbado no Senado: José Sarney. O senador que fez carreira no Maranhão, elege-se pelo Amapá e anda sumido do público foi uma daquelas mercadorias que o PMDB sempre promete e não entrega. Em janeiro, Sarney era oferecido ao Planalto como o único capaz de presidir o Senado e mantê-lo com viés lulista.
Passados menos de quatro meses de sua posse, Sarney acumula mais de 20 escândalos sem solução no Senado. A Casa virou uma espécie de império do baixo clero bem remunerado. Deve estar causando inveja em alguns deputados.

frodriguesbsb@uol.com.br


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