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MANOBRA CHINESA
No mais recente episódio da
disputa comercial acerca da
soja, o governo da China anunciou a
suspensão temporária da importação do produto de 15 empresas do
Brasil, elevando a 23 o número de exportadores brasileiros impedidos de
vender para o país asiático. Os prejuízos para as exportações do Brasil foram calculados em cerca de US$ 1 bilhão pelo ministro da Agricultura.
A razão alegada pelo Ministério da
Quarentena, da China, foi o fato de
que há nas remessas brasileiras uma
mistura de grãos prontos para o consumo e de sementes tratadas com
fungicida considerado impróprio
para ingestão humana e animal. No
início de maio, o governo chinês, tão
cortejado pelo presidente Luiz Inácio
Lula da Silva em recente visita àquele
país, decidiu endurecer seu padrão
sanitário, adotando um critério de
tolerância zero. Nem mesmo os EUA
e a Europa impõem medidas tão restritivas quanto as recentemente
anunciadas pelos chineses.
Não se trata de afirmar que a soja
exportada pelo Brasil tenha qualidade irretocável. Mas conta a favor dos
exportadores o fato de que a mercadoria tem sido aceita em países reconhecidamente exigentes, como os da
União Européia. Além disso -em
resposta à política chinesa- o governo federal decidiu aperfeiçoar as
normas de qualidade, determinando
o limite de uma semente tratada com
agrotóxico por quilo do produto.
Tudo isso indica que o problema
não é a qualidade dos grãos exportados. O embargo chinês certamente
deve-se à queda do preço da soja. Interessa aos importadores chineses
suspender contratos de compra antigos, diante da alternativa de firmar
novos, a preços mais baixos.
O episódio demonstra mais uma
vez como exigências sanitárias são
utilizadas como barreiras comerciais. O caso evidencia a necessidade
de que as autoridades brasileiras zelem pelo aprimoramento dos controles de qualidade e insistam na denúncia e no combate a esses artifícios nos fóruns internacionais.
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