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CURA E POBREZA
Populações de baixa renda levam desvantagem nos mais variados aspectos da vida -inclusive
no tratamento do câncer. Estudo inédito no país feito pelo Hospital do
Câncer de São Paulo mostra a correlação entre baixa escolaridade -faixa em que a pobreza é maior- e reduzidas chances de curar a moléstia.
Um dos exemplos mais gritantes
da diferença entre ricos e pobres é o
dado que diz respeito ao câncer de
mama. De acordo com o trabalho,
73,3% das mulheres que detectaram
a moléstia em seus estágios iniciais
tinham o ensino médio ou superior
completo. Na maioria dos tumores,
a detecção precoce melhora as perspectivas do paciente.
São várias as explicações para o fenômeno. Elas vão desde o menor nível de informação dos mais pobres
até as notórias dificuldades de acesso
aos serviços de saúde. Mas o problema não está restrito à ignorância e à
precariedade da rede pública. Outro
ponto que não pode mais ser negligenciado é o despreparo de médicos
para diagnosticar e tratar o câncer.
A proporção entre casos de câncer
diagnosticados e a população é claramente mais baixa no Brasil do que
nos EUA. Daí, segue-se que ou o
DNA do brasileiro é mais estável ou
existem dificuldades de detecção por
aqui. Convém, obviamente, apostar
na segunda hipótese.
É claro que são desproporcionais
os recursos à disposição de médicos
brasileiros e norte-americanos. Ainda assim, é possível identificar problemas que pouco ou nada têm a ver
com verbas e equipamentos. Apenas
uma pequena minoria das cerca de
120 escolas médicas do Brasil mantém a disciplina de oncologia em
seus currículos de graduação. O médico típico brasileiro sai da faculdade
sem ter estudado os vários cânceres
de forma sistemática e integrada.
No mais, permanecem os preconceitos. Um diagnóstico de tumor
maligno ainda é tomado como sentença de morte, às vezes até entre médicos. Essa situação não se justifica,
já que, no atual estado da medicina,
pode-se falar em cura para mais de
50% dos pacientes com câncer.
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