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Exames malfeitos
DUAS PESQUISAS recentes
feitas por hospitais de referência no tratamento do
câncer de mama apontam para o
grave problema da má qualidade
das mamografias, um dos principais exames para a detecção dessa moléstia, que afeta quase 50
mil brasileiras a cada ano.
No Instituto Nacional de Câncer (Inca), 60% das mamografias
trazidas por pacientes que vieram do SUS e de clínicas particulares tiveram de ser refeitas em
razão da má qualidade. Já no
Hospital São Paulo, da Unifesp
(Universidade Federal de São
Paulo), que recebe pacientes das
UBSs (unidades básicas de saúde), a taxa de rejeição foi de 30%.
São várias as causas das falhas
nos exames. Elas vão do mau posicionamento das pacientes a
problemas de revelação, passando por erros burocráticos grosseiros, como laudos que não correspondem à imagem.
Na melhor das hipóteses, o
exame precisa ser refeito. Na
pior, deixa-se de fazer o diagnóstico precoce do câncer, o que
tende a piorar significativamente o prognóstico da paciente. Vale observar que mesmo a melhor
alternativa já implica gastos importantes para o sistema.
Não há razão para acreditar
que o índice de falhas com outros
exames de imagens ou de análises clínicas seja muito melhor
que o das mamografias. Apenas
imaginar que de 30% a 60% de
todos os exames um pouco mais
sofisticados precisem ser refeitos já dá bem a dimensão dos
desperdícios na saúde.
Parte dos erros pode ser tributada à chamada "economia estulta", pela qual administradores de
serviços de saúde e donos de clínicas procuram poupar alguns
tostões deixando de treinar funcionários ou valendo-se de material de qualidade inferior (às vezes por exigência legal, como é o
caso da Lei de Licitações). São situações que corroboram o adágio popular: "O barato sai caro".
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