São Paulo, sexta-feira, 16 de junho de 2006 |
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CLÓVIS ROSSI O suíngue da boa vida FRANKFURT - A bandinha Mainhattan Swings ataca suíngues (claro). A senhorinha vestida de domingo tira para dançar o neto vestido de feriado. O público pára para
ver o casal e ouvir o suíngue. Entre
eles, o bispo que toma vinho no copo de plástico. O cheiro da indefectível "wurst" (lingüiça) começa a invadir o ar, subindo da barraquinha
tipo quermesse bem ao lado da porta da igreja.
Tendo passado por tantas cidades nos últimos dias (ou anos, sei
lá), poderia achar que acabara estacionando em algum canto perdido
do interior em tempos de mansidão
e inocência. Mas, ali adiante, está o
Römer, que há exatos 601 anos funciona como a Prefeitura de Frankfurt. Logo, estou mesmo no principal centro financeiro do país mais
rico da Europa.
Mais precisamente, estou ao lado
da catedral, no centrão.
Aliás, o nome da bandinha é uma
brincadeira: junta "Main" (o rio
Meno, em alemão, que banha
Frankfurt) com a pretensão da cidade de ser uma imitação de Manhattan, o coração de Nova York,
talvez do mundo.
Tudo bem que é feriado. Tudo
bem que o sol implacável dá uma
baita leseira (como se escreve leseira em alemão?). Mas esse aspecto
de passado manso não é apenas por
isso. É o jeitão de ser de uma cidade
ainda pequena (640 mil habitantes), apesar de fabulosamente rica.
Claro que não é o paraíso -que paraíso não existe.
Mas é o jeito natural de quem já
tem a vida ganha. É engraçado que
alguns anglo-saxões acusem os alemães de trabalharem pouco (têm
seis semanas de férias por ano, raras lojas abrem aos domingos, o salário-desemprego é invariavelmente maior que o salário médio do brasileiro etc. etc. etc.).
Mas o objetivo de toda economia
não é dar boa vida para a maioria?
Que siga o suíngue, pois.
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