São Paulo, domingo, 16 de agosto de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Editoriais

editoriais@uol.com.br

Pancadas chavistas

A REPRESSÃO violenta contra um grupo de jornalistas que protestava contra as novas leis educacionais do governo venezuelano é mais uma mostra de que o projeto "bolivariano" de Hugo Chávez nem sempre é conduzido apenas a pancadas simbólicas.
Contra a Lei Orgânica de Educação (LOE), que era votada na Assembleia Nacional, 25 manifestantes, trabalhadores da cadeia que controla o jornal de maior circulação nacional, o "Últimas Notícias", distribuíam panfletos quando foram atacados por militantes chavistas com socos e porretes em Caracas. Um repórter foi golpeado com um taco de beisebol e sofreu politraumatismo. Ao todo, 12 jornalistas ficaram feridos.
A agressividade da LOE não é menos expressiva. Um dos artigos da lei, aprovada na madrugada de sexta-feira, diz que dirigentes dos meios de comunicação "estão obrigados a dar sua cooperação na tarefa educativa e a ajustar a sua programação para o sucesso dos fins e objetivos consagrados na Constituição e na lei". Também proíbe a publicação de informações que "produzam terror nas crianças".
Para o ministro da Educação venezuelano, Héctor Navarro, o artigo apenas prevê uma "vacina" aos estudantes contra a manipulação de informações nos meios de comunicação. A análise do noticiário fará parte do currículo, e as escolas serão fiscalizadas por organizações chavistas.
A nova lei ainda diminui a autonomia das universidades federais, redutos de oposição ao chavismo, e impõe um controle central das carreiras universitárias.
A norma se segue a sucessivas interdições de emissoras de rádio, além do fechamento do canal opositor RCTV, em 2007.
Após violento ataque de chavistas à emissora de TV Globovisión, no início do mês, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos enviou ao governo uma carta manifestando "profunda preocupação" com a liberdade de expressão no país.
Chávez respondeu que quem quer "liberdade ilimitada" deve "ir para a selva, como Tarzã". Ou como as Farc, a narcoguerrilha colombiana cuja atuação homicida e golpista é louvada pela propaganda chavista.


Texto Anterior: Editoriais: Jogo incerto
Próximo Texto: São Paulo - Clóvis Rossi: Qual é a lógica do medo?
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.