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CLÓVIS ROSSI
Qual é a lógica do medo?
SÃO PAULO - Não entendo bem o
quase pânico que tomou conta de
setores do PT ante a possibilidade
de a senadora Marina Silva deixar o
partido e candidatar-se à Presidência pelo PV.
Vejamos as razões do espanto:
1 - O único ativo eleitoral de Dilma Rousseff, a candidata declarada
de Lula, é a eventual transferência
(maciça) de votos do presidente para a ministra.
Digo o único ativo porque Dilma
é virgem em disputas eleitorais, o
que impede saber de outros.
2 - A transferência do prestígio de
um para a outra independe do quadro de candidaturas, certo?
Sejam dois ou 30 os candidatos,
Lula transferirá (ou não) sua cota
de prestígio para a sua candidata e
só para ela.
A menos que algum petista debiloide -e os há em boa quantidade-
seja capaz de imaginar que o presidente é tão sacana que transferirá
votos também para Marina.
Posto de outra forma: a candidatura Marina não altera o jogo Lula/
Dilma, a menos que ele não esteja
assentado unicamente na transferência de prestígio.
Ou então os petistas assustados
não confiam muito na capacidade
de Lula de transformar prestígio
pessoal em votos para uma indicada
sua. Esta segunda hipótese tem
mais lógica: Lula mergulhou na
campanha municipal de Marta Suplicy e, não obstante, ela sofreu sua
terceira derrota em quatro campanhas majoritárias.
A única lógica para o pânico é o
medo de que uma candidatura Marina quebre o caráter plebiscitário
(Lula/Dilma x Serra) que muitos dizem que o lulo-petismo deseja para
2010. Aí faz sentido, algum sentido
pelo menos.
Em votações plebiscitárias, vota-se não apenas na simpatia de um
mas também (às vezes principalmente) na antipatia do outro.
Uma mesa com três (ou mais) jogadores tende sempre a diluir simpatias e antipatias.
crossi@uol.com.br
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