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ELIANE CANTANHÊDE
Bem-vindo ao time
BRASÍLIA - Barack Obama está
enrolando, mas, na verdade, não dá
a menor bola para a América Latina. E está na hora de dar.
Venezuela, Bolívia e Equador recuperam a retórica antiamericanista sob o impulso (seja ele só pretexto ou não) da ampliação do acordo
militar EUA-Colômbia.
Brasil, Argentina e Chile, que
ocupam a posição de centro, de
equilíbrio e moderação, já chamam
Obama "para uma conversa", como
disse Lula, num tom que qualquer
brasileiro compreende bem.
E Colômbia e Peru, os tradicionais aliados de Washington, parecem cada vez mais ilhados nesse
oceano de ataques, por uns, ou de
queixas, por outros.
É nesse contexto que o presidente do México, Felipe Calderón, visita o Brasil, onde terá encontros com
Lula hoje à noite e amanhã.
Megapaís, com uma rica história
e mais de 110 milhões de habitantes, o México foi um dos países mais
atingidos pela crise econômica, ou
por crises variadas.
A economia tremeu, as remessas
dos nacionais que vivem nos EUA
minguaram, o narcotráfico chegou
com tudo, a criminalidade urbana
disparou. O país finalmente acordou para o óbvio: pendurar a economia e a energia política num único
país é arriscado. E custa caro.
O México é, assim, um caso
exemplar do que a América do Sul
não quer ser. Mas, de outro lado, de
que adianta o México sair da órbita
de uma potência em crise para se
aproximar de uma Unasul dividida,
belicosa e, ainda por cima, pobre?
A resposta pode esperar. Por ora,
Brasil e México querem ampliar as
relações bilaterais, e nem será surpresa um acordo de livre comércio
entre os dois. É do interesse estratégico dos governos, que defendem
maior integração, e do interesse comercial de seus empresários, ávidos
por aumentar os negócios.
O Brasil, sem inimigos e sem estridência, é a porta de entrada para
o México voltar para de onde ele
nunca deveria ter saído. À América
Latina o que é da América Latina.
elianec@uol.com.br
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