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O VALOR DO BILHETE
Durante a campanha eleitoral
paulistana, o bilhete único tem
sido alvo de algumas críticas que
vêem sua implantação como eleitoreira e de difícil sustentação econômica. O sistema permite aos paulistanos fazer quantas viagens quiserem, no prazo de duas horas, pagando apenas o preço de uma passagem
(R$1,70). O perigo estaria na possibilidade de o aumento do número de
usuários que deixam de pagar uma
passagem resultar em crescimento
desmedido dos subsídios repassados às empresas de transporte.
Artigo publicado por esta Folha na
quarta-feira demonstrou, no entanto, que o bilhete único pode vir a ser
sustentável. Em agosto, cerca de dois
meses depois de o sistema ter sido
implementado, a prefeitura, que recolhe o que se gasta em transporte e
redistribui às empresas, fez um repasse de R$ 145 milhões, dos quais
cerca de R$ 14 milhões em subsídios
para passageiros -caso dos idosos,
por exemplo, que não pagam a passagem. A quantia ficou aquém da
média mensal de subsídios prevista
para este ano, de R$ 23,3 milhões. O
aumento do número de passageiros
não representou, ao menos até agora, custo adicional para as empresas,
que continuam a usar o mesmo número de veículos.
Em contrapartida, os benefícios
para a população são evidentes. Basta lembrar que, segundo dados do
Itrans (Instituto de Desenvolvimento
e Informação em Transporte), cerca
de dois terços das pessoas com renda
de até três salários mínimos não recebem nenhum tipo de ajuda de custo para transporte.
Mais cidadãos de baixa renda, portanto, podem deixar de fazer trajetos
a pé, além de usar o ônibus para procurar emprego e encontrar melhores
condições para trabalhar em bairros
distantes de suas residências.
Certamente que a evolução do sistema precisa ser monitorada, pois é
presumível que o processo de adesão
ainda não se tenha concluído, e nada
assegura que futuramente as empresas não pressionem por aumento de
tarifas. Confirmadas, no entanto, as
avaliações preliminares, o bilhete
único poderá revelar-se uma experiência bem-sucedida.
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