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ELIANE CANTANHÊDE
O desvio do compulsório
BRASÍLIA - Os bancos são as instituições que mais se esbaldam no
mundo e particularmente no Brasil,
onde os sucessivos recordes de lucro são um escárnio diante da miséria e do analfabetismo. O Bradesco,
para ficar num exemplo, fechou
2007 com lucro líquido de R$ 8 bi,
58,5% maior do que em 2006.
Em greve há dias, os funcionários
reclamam sua parte do sucesso em
salários. E nós, correntistas, queremos mais funcionários para dar
conta de filas imensas, apesar da internet, para ter informações confiáveis sobre contas e investimentos e, por favor, para atender o telefone.
Com a crise global, os bancos não
estão passando a perna só em funcionários e clientes, mas no governo, como gritou ontem a líder do PT
no Senado, Ideli Salvatti.
Preocupado com a redução de
créditos, o governo relaxou as margens dos depósitos compulsórios
dos bancos. Para quê? Para que tivessem mais dinheiro para financiar compras, projetos. E o que eles
estão fazendo? Comprando títulos
públicos do Tesouro Nacional. Ou
seja: em vez de garantir o movimento da economia, eles tiram uma casquinha da crise.
Numa das suas manifestações sobre a crise, ora falando do Atlântico,
ora de marolas, Lula ensinou aos
países ricos que é necessária uma
maior regulação sobre os bancos.
No Brasil também, presidente. Eles
fazem o que querem -com os que
estão lá dentro, trabalhando, e com
os que estão aqui fora, produzindo,
investindo, comprando ou pagando
suas contas do dia-a-dia.
Os EUA já arranjaram uns US$
250 bi, e a Europa, uns US$ 2 tri para tentar salvar o sistema. E o sistema continua fazendo água por todo
lado, com as Bolsas afundando e o
mundo mergulhado em incertezas,
sem uma bóia a que se agarrar.
Por mais que haja uma lógica nos
trilhões de dólares despejados nos
bancos, os leigos se perguntam: e se
essa grana toda fosse investida em
gente? O mundo certamente seria
muito melhor.
elianec@uol.com.br
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