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ELIANE CANTANHÊDE
Boa coisa não sai daí
BRASÍLIA - Depois de tomar de
assalto o Banco do Brasil e a Petrobras e de patrocinar operações heterodoxas no caso Varig e na venda
da Brasil Telecom para a Oi, o governo agora parte com tudo para cima da Vale do Rio Doce.
De um lado, Lula e Dilma fritam o
seu presidente, Roger Agnelli. Do
outro, uma nova dupla do barulho
surge no horizonte de 2010: o megaempresário Eike Batista e o megapetista Sérgio Rosa.
Eike, um dos financiadores do filme de Lula para a sucessão de Lula,
foi expulso da Bolívia sob acusação
de prejudicar os interesses do Estado e do povo boliviano.
Rosa é desses que está sempre no
lugar certo na hora certa. Quer ver?
Foi do Conselho de Administração
justamente da Brasil Telecom, é do
Conselho de Administração da Vale
e preside a riquíssima Previ (fundo
de pensão do BB) desde 2003, primeiro ano da era Lula.
Na campanha de 2002, Rosa era
diretor de Participações do BB e
mandou uma cartinha para os conselheiros da Previ em empresas privadas, com uma orientação: a participação das empresas na eleição seria "saudável, necessária e democrática". E uma ordem: ele cobrava
informações "quanto à participação
efetiva no processo".
Em bom português, Rosa pressionou as empresas para que contribuíssem na campanha. Só faltou
dizer: "Lula, esse é o cara!". Nem
precisava.
E por que Lula e Dilma querem
mexer na Vale? Como registrou o
editorial de ontem da Folha ("Assédio na Vale"), a empresa vai bem,
obrigada. Desde a privatização, em
1997, o valor de mercado pulou de
US$ 8 bi para US$ 125 bi, e os empregos, de 10 mil para 60 mil.
A motivação de Lula e Dilma pode, portanto, estar na equação Eike
Batista-Sérgio Rosa-ano eleitoral.
Com resultados previsíveis.
Mais experiente, Rosa não vai
deixar a digital em novos bilhetes
comprometedores, mesmo com
costas quentes. Mas pode escrever:
boa coisa não vai sair daí.
elianec@uol.com.br
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