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TENDÊNCIAS/DEBATES
O saldo das privatizações
é positivo para o país?
SIM
Economia privatizada é rumo para o futuro
JOÃO GUILHERME SABINO OMETTO
A grande crise de 2008 e 2009,
além dos danos intrínsecos à produção, mercados e nível de emprego, teve o demérito adicional de levantar suspeitas sobre o modelo
que sustentou o desenvolvimento
das nações mais ricas, ancorado
nas leis de mercado e na iniciativa
privada.
A necessidade de o governo dos
Estados Unidos, enfrentando um
dogma do liberalismo em um país
que detém 33% do PIB mundial,
aportar recursos em instituições financeiras e indústrias tradicionais
disseminou globalmente a sensação de que uma onda estatizante
estaria surgindo.
Confundiram-se medidas emergenciais com mudanças estruturais. O tempo está se encarregando
de evidenciar que o mundo -incluindo enfaticamente o Brasil-
não abdicou do capitalismo como o
meio para a prosperidade.
Assim, não se deve considerar
viáveis, em termos práticos, as antigas teses do Estado proprietário dos
meios de produção. O recrudescimento dessas teorias anacrônicas,
no caldo de cultura da recente crise
mundial, deve ser entendido no
universo circunscrito do inquestionável direito à livre expressão do
pensamento e à salubridade do debate de ideias.
Na presente campanha eleitoral
brasileira verifica-se forte presença
do tema, que se tornou um dos motes retóricos, suscitando toda uma
discussão em torno das propostas
dos candidatos e um turbilhão de
análises sobre qual deles seria mais
ou menos estatizante.
Ora, ninguém em sã consciência
promoveria retrocesso tão grave.
Economia estatal, como demonstram de maneira inequívoca numerosos exemplos testados pela realidade histórica, é algo muito ligado
a governos de exceção e às ditaduras, sejam elas de esquerda, de direita ou populistas.
Não há mais espaço para esse tipo de distorção em um mundo que
precisa desenvolver novos processos manufatureiros menos poluentes, garantir a segurança alimentar,
reverter as mudanças climáticas,
gerar milhões de empregos todos os
meses, viabilizar a previdência e a
sobrevivência digna dos idosos e
educar os jovens.
Ademais, ainda é premente resgatar a dívida social acumulada ao
longo do século 20, grande parte
dela, é importante lembrar, contraída no Leste Europeu e na América
Latina, onde a estatização promoveu o estrangulamento dos meios
de produção e acabou, isto sim, gerando exclusão, pobreza, desemprego e atraso tecnológico.
É quase ingenuidade supor que a
humanidade poderá vencer os
grandes desafios do presente século recuando a um modelo econômico premido pela burocracia, falta
de agilidade, submissão indefectível à orientação político-partidária
e irresponsabilidade quanto aos resultados da gestão empresarial.
Mais do que nunca, são fundamentais empresas privadas bem
geridas, rentáveis, socialmente justas e ambientalmente corretas, capazes de utilizar todas as virtudes
inerentes à livre iniciativa para
multiplicar a produtividade, criar
empregos, desenvolver tecnologia
e, por fim, viabilizar um futuro com
menos assimetrias de renda e de
desenvolvimento.
Cabe ao Estado fiscalizar com eficiência, impedindo sonegação fiscal, fraudes setoriais e falcatruas
contábeis, fatores que permearam
a grande crise mundial.
Também é papel do governo estimular a economia e fazer a sua parte nas prioridades da saúde, educação e investimentos públicos em infraestrutura. Empreender compete
à iniciativa privada!
JOÃO GUILHERME SABINO OMETTO, engenheiro
formado pela USP, é vice-presidente da Fiesp
(Federação das Indústrias do Estado de São Paulo),
vice-presidente do Grupo São Martinho e membro do
Conselho Universitário da USP.
Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br
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