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VALDO CRUZ
O dragão assusta
BRASÍLIA - O dragão da inflação anda irrequieto, querendo despertar
novamente. Os últimos índices divulgados já trazem a ameaça de uma inflação de dois dígitos no próximo
ano, o primeiro do governo PT.
Os economistas do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, fazem
coro com os do governo Fernando
Henrique Cardoso: é uma bolha
cambial, que vai estourar e fazer a inflação recuar em 2003.
Mais um sinal dos novos tempos petistas. Em outras épocas, o discurso
seria que a equipe de FHC perdeu a
batalha para a especulação, e a inflação voltou a corroer o salário do trabalhador brasileiro.
Deixando de lado o "novo discurso
petista", o fato é que a inflação voltou
a assustar e serve de alerta para o
presidente eleito. Realmente, como já
admitiu, ele não vai poder errar.
Para o dólar recuar e manter o dragão da inflação adormecido, os nomes da futura equipe econômica de
Lula não poderão causar sobressaltos
no tal de mercado.
Lula está decidido a nomear um
petista para a Fazenda. Vendo a inflação subir, parece inclinar-se pelo
nome de Antônio Palocci. Afinal, ele
foi plenamente absorvido pelo mercado e empresários, que não cansam
de elogiar sua habilidade e seriedade.
No Banco Central, persiste o mistério. Tanto que a hipótese de Armínio
Fraga ser mantido (mesmo que temporariamente) voltou a ser cogitada.
O mercado comemoraria.
Mas, neste caso, Lula se transformaria num escravo do atual presidente do BC. As pressões para mantê-lo poderiam ser insuportáveis. Sua
saída causaria uma grande turbulência na economia.
Na verdade, na economia, a sorte
grande de Lula seria o presidente
George W. Bush decidir tratá-lo como parceiro preferencial, como alguns chegam a apostar. Neste caso,
não faltariam recursos dos organismos internacionais.
Aí, mesmo com uma equipe econômica que não convencesse tanto assim, o dólar ficaria bem comportado
e a inflação, baixa. Bom, entre contar
com Bush e acertar nos nomes, melhor não errar na escalação.
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