São Paulo, quinta-feira, 16 de novembro de 2006

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Consumo importado

A PARTICIPAÇÃO dos produtos importados no consumo brasileiro atingiu 11,5% em 2005, nível próximo aos 11,7% alcançados em 1998, época da paridade entre o real e o dólar, de acordo com dados da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior publicados pelo jornal "Valor". E a apreciação do real continua a estimular as importações. No primeiro semestre de 2006, de cada R$ 100 consumidos aqui, R$ 11,10 vieram de fora, contra R$ 10,40 no mesmo período de 2005.
No setor de calçados, por exemplo, os importados correspondiam a 8,6% do total vendido no país em 1998. No primeiro semestre de 2006, chegaram a 29,2%, com graves repercussões na produção nacional.
A distorção fica evidente quando se observa, ao longo do tempo, o aumento de bens de consumo importados e a diminuição da compra de máquinas e equipamentos, que ampliam e modernizam o setor produtivo.
Além disso, a parcela da produção industrial destinada às exportações parou de crescer. A indústria direcionou 15% de sua produção para o exterior no primeiro semestre, patamar igual ao registrado de janeiro a junho de 2005. Trata-se da primeira estabilização em uma década.
Há indícios claros, pois, de que o câmbio, ao inibir exportações e estimular a troca de produtos nacionais por estrangeiros, está favorecendo a desorganização de cadeias produtivas. É o clássico momento em que a combinação de juros reais ainda altos e moeda valorizada, a fim de combater a inflação, se depara com os seus limites: a terapia passa a representar risco à saúde do paciente.
Uma sinalização de que os juros básicos vão continuar caindo por um bom tempo é a melhor prescrição para corrigir o tratamento. Mas a equipe "médica" indicada para o procedimento não se restringe ao time de diretores do Banco Central -precisa agregar, também, formuladores e gestores da política fiscal.


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