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Consumo importado
A PARTICIPAÇÃO dos produtos importados no consumo brasileiro atingiu
11,5% em 2005, nível próximo
aos 11,7% alcançados em 1998,
época da paridade entre o real e o
dólar, de acordo com dados da
Fundação Centro de Estudos do
Comércio Exterior publicados
pelo jornal "Valor". E a apreciação do real continua a estimular
as importações. No primeiro semestre de 2006, de cada R$ 100
consumidos aqui, R$ 11,10 vieram de fora, contra R$ 10,40 no
mesmo período de 2005.
No setor de calçados, por
exemplo, os importados correspondiam a 8,6% do total vendido
no país em 1998. No primeiro semestre de 2006, chegaram a
29,2%, com graves repercussões
na produção nacional.
A distorção fica evidente quando se observa, ao longo do tempo,
o aumento de bens de consumo
importados e a diminuição da
compra de máquinas e equipamentos, que ampliam e modernizam o setor produtivo.
Além disso, a parcela da produção industrial destinada às exportações parou de crescer. A indústria direcionou 15% de sua
produção para o exterior no primeiro semestre, patamar igual
ao registrado de janeiro a junho
de 2005. Trata-se da primeira estabilização em uma década.
Há indícios claros, pois, de que
o câmbio, ao inibir exportações e
estimular a troca de produtos
nacionais por estrangeiros, está
favorecendo a desorganização de
cadeias produtivas. É o clássico
momento em que a combinação
de juros reais ainda altos e moeda valorizada, a fim de combater
a inflação, se depara com os seus
limites: a terapia passa a representar risco à saúde do paciente.
Uma sinalização de que os juros básicos vão continuar caindo
por um bom tempo é a melhor
prescrição para corrigir o tratamento. Mas a equipe "médica"
indicada para o procedimento
não se restringe ao time de diretores do Banco Central -precisa
agregar, também, formuladores
e gestores da política fiscal.
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