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PLÍNIO FRAGA
Barbarella vai ao Senado
RIO DE JANEIRO- A primeira
vez que um pesquisador do MIT
(Massachussets Institute of Technology) estruturou, em 1962, o que
seria a rede de computadores que
hoje se chama internet, batizou-a
de Rede Galáxia. Referiu-se a ela
ainda como Galáxia da Informação.
Imagine você perguntando a alguém: já acessou a Galáxia? É um
nome simpático, mas parece erro
de tradução de filme estrangeiro.
Desde esse tempo, foi estabelecida a regra de que não haveria controle global operacional. É um princípio básico da chamada rede de arquitetura aberta.
A internet comercial brasileira
começou a operar em maio de 1995.
Os usuários eram apenas 120 mil ao
final daquele ano. A burocracia federal tinha tentado emplacar sua
primeira contribuição: propunha
uma espécie de InternetBrás, por
meio da então estatal Embratel. O
ministro das Comunicações à época, Sérgio Motta, determinou que a
estatal só podia conectar empresas
à rede, ficando de fora do atendimento a usuários finais, evitando o
domínio dos acessos por ela.
Onze anos depois, ao menos 14
milhões de brasileiros já navegaram pela rede. Eis que se cultuava
nos subterrâneos do Congresso um
novo monstro da burocracia para
atuar como porteiro da internet: a
obrigatoriedade do registro de
usuários antes do livre acesso.
A repórter Elvira Lobato, desta
Folha, foi quem trouxe à luz o risível projeto do senador Eduardo
Azeredo (PSDB-MG), ridiculamente batizado como de ataque aos crimes cibernéticos, mas na realidade
oportunidade ampla de negócios
para certificadores digitais.
Lei para crimes cibernéticos parece a expressão "Câmara de Soluções Definitivas", ouvida por Barbarella, a personagem de Jane Fonda no filme de 1968. "Não gosto do
som destas palavras ridículas", dizia. "Grande parte das situações
dramáticas começa risível", filosofava a rainha da Galáxia.
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