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Editoriais
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Lobby às claras
EVENTO PROMOVIDO na semana passada na capital federal pela CGU (Controladoria Geral da União) voltou a abordar um tema importante que raramente ganha destaque merecido no Brasil: a regulamentação
do lobby.
A atividade de pressão de grupos organizados sobre políticos e
poderes públicos faz parte do jogo democrático. Se os seus atores
forem conhecidos, e suas atividades, transparentes, todos ganham. O controle formal diminui
a possibilidade de corrupção.
Países que já têm tradição na
área, como os EUA, puderam se
beneficiar com a normatização
de conduta e a identificação de
seus agentes. Esse fato, obviamente, não os torna imunes a escândalos, mas os desvios são
mais facilmente detectáveis
quando há regras formais para a
pressão sobre políticos.
No Brasil, a iniciativa mais conhecida para tratar desse tema é
o projeto de lei do senador Marco
Maciel (DEM-PE), de 1990. Ele
prevê o credenciamento obrigatório nas Casas do Congresso Nacional de pessoas físicas e jurídicas, que devem, ainda, indicar
quais os interessados em suas
atividades.
A proposta, por limitar-se ao
Legislativo federal, é uma solução parcial. Deixa de lado o Executivo, alvo importante, para não
dizer preferencial, dos lobbies. O
projeto do deputado Carlos Zarattini (PT-SP), de 2007, é mais
amplo ao prever a regulação da
atividade em toda a administração pública federal. Ainda assim,
ficam de fora Estados e municípios, circunscrições nas quais
também se faz necessária uma
normatização do assunto.
A adoção de regras simples e
claras para os lobbies faria aumentar o controle sobre as relações entre o setor privado e o Estado. A circulação de atores desconhecidos do grande público
nos bastidores do poder, anonimato que favorece a promiscuidade, sofreria um duro golpe.
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