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RUY CASTRO
Tunga
RIO DE JANEIRO - Se aprovada
no Congresso a emenda Ibsen
-que propõe uma redistribuição
dos royalties com a exploração do
petróleo, reduzindo a participação
dos Estados produtores e dividindo-a pelos demais-, o Estado do
Rio e seus municípios, responsáveis
por 85% dessa produção, serão duramente atingidos. Dos R$ 7.504 bilhões que recebem hoje, ficarão reduzidos a nanicos R$ 236 milhões.
Significa que R$ 7.268 bilhões serão tungados da economia do Rio e
pulverizados entre os municípios
de 24 Estados, cujo mérito para entrar nessa bolada equivale ao dos
fluminenses Macaé ou Rio das Ostras para entrar na bolada do leite
produzido no Rio Grande do Sul, do
minério extraído em Minas Gerais
ou das receitas de turismo nas
praias do Rio Grande do Norte.
Mas, principalmente, farão a festa
de deputados e prefeitos cuja cortesia com chapéu alheio lhes garantirá tranquilas reeleições.
A ideia de que o petróleo do Rio
não é do Rio, mas "do povo brasileiro", foi enunciada outro dia pelo
próprio presidente Lula, numa de
suas tiradas para a geral. Mas já vem
de longe. Pela Constituição de 1988,
o petróleo é o único produto cujos
derivados não recolhem ICMS onde são produzidos, mas onde são
consumidos. O Rio deve esta bofetada ao então deputado José Serra.
Pelo visto, não era suficiente.
Com a subtração de carteira tramada pela emenda Ibsen, o Rio terá de
cancelar programas de saneamento, despoluição de baías e lagoas, reforma de estruturas viárias e outros
projetos, comprometendo, por
exemplo, a Copa do Mundo de 2014
e a Olimpíada de 2016. Se tais metas
não puderem ser cumpridas, o Rio
será acusado de quebra de contrato.
Mas, então, isso pouco importará.
Quem ficará mal no filme será a
"imagem do Brasil" lá fora.
Imagem que Lula tanto diz prezar. No fundo, apenas a sua própria.
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