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OS MESMOS ERROS
O problema da Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor
(Febem) paulista parece ser do tipo
resistente a soluções. Por alguma razão difícil de identificar, as sucessivas autoridades que administram as
unidades de internamento se recusam a aprender lições, e é apenas
uma questão de tempo até que velhos erros, que há muito já deveriam
ter sido reparados, se repitam.
Depois de tantas e tão violentas rebeliões, é quase inacreditável que
ainda esteja em operação um complexo como o de Franco da Rocha,
que reúne várias centenas de menores infratores perigosos.
Como também é a norma nesses
casos, autoridades se apressam em
encontrar seus bodes expiatórios.
Mudam a superfície do sistema, responsabilizando alguns altos funcionários, mas a base permanece intocada. Também propõem alterar o
Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA), de modo a permitir punições
mais rigorosas.
O ECA, como qualquer outra peça
legislativa, pode e deve sofrer alterações que venham a aprimorá-lo, mas
é ilusório acreditar que o problema
da Febem será resolvido a golpes de
caneta. Não é à lei que se devem atribuir os insucessos da Febem, mas à
própria estrutura da fundação.
Registre-se que atitudes como essa
não estão limitadas à questão dos
menores, repetindo-se até com mais
frequência no caso da delinquência
adulta. E isso é tanto mais surpreendente porque, pelo menos desde a
publicação da obra do criminalista
italiano Cesare Beccaria, no século
18, operadores do direito deveriam
saber que não se resolvem problemas de criminalidade tornando as
penas mais cruéis. A solução, como
sugeriu o grande jurista, está na universalidade da aplicação das penas.
Infelizmente, cumprir a lei é mais
difícil do que só modificá-la. Daí que
políticos, sobretudo quando acuados por casos rumorosos, costumam preferir a segunda alternativa.
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