UOL




São Paulo, quinta-feira, 17 de abril de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CLÓVIS ROSSI

Não é preocupação, é horror

SÃO PAULO - Chega a ser ridículo o Itamaraty dizer que vê com "preocupação" a recente onda de violações aos direitos humanos em Cuba.
Deveria ver com "horror", com "repúdio" ou com qualquer outra fórmula igualmente contundente.
Preocupação reserva-se para outro tipo de problemas, como os que estão surgindo em relação aos Estados Unidos e o tratamento que está dando aos seus presos em Guantánamo, que, talvez por coincidência, fica também em Cuba.
Preocupação reserva-se para muitos dos atos praticados durante o massacre no Iraque.
De democracias espera-se outro tipo de comportamento. De ditaduras, como a cubana, espera-se mesmo a violência, e ela não causa preocupação, causa repúdio. Ponto.
Passou da hora de a esquerda brasileira, parte dela no poder, contemporizar com as violações aos direitos humanos em Cuba. Durante meio século, ficou no ar o argumento de que um pequeno e pobre país submetido ao embargo da mais poderosa nação na face da Terra deveria ser poupada de críticas.
Bobagem. A violação aos direitos humanos independe do embargo. Faz parte da índole intrínseca de toda e qualquer ditadura.
Se o Itamaraty não quer, como alega em texto ontem publicado pela Folha, engrossar uma suposta conspiração norte-americana contra Cuba, que apresente moção de repúdio e/ou de investigação a respeito da situação dos presos em Guantánamo ou a respeito de crimes cometidos pelas tropas dos EUA no Iraque.
O que não dá é omitir-se em relação aos direitos humanos quando quem os viola é adversário dos Estados Unidos. Só perfeitos imbecis dirão que, se o Brasil votar contra Cuba na questão dos direitos humanos, se terá vendido ao imperialismo.


Texto Anterior: Editoriais: OS MESMOS ERROS

Próximo Texto: Brasília - Eliane Cantanhêde: As últimas do Alencar
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.