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CLÓVIS ROSSI
Não é preocupação, é horror
SÃO PAULO - Chega a ser ridículo o Itamaraty dizer que vê com "preocupação" a recente onda de violações
aos direitos humanos em Cuba.
Deveria ver com "horror", com "repúdio" ou com qualquer outra fórmula igualmente contundente.
Preocupação reserva-se para outro
tipo de problemas, como os que estão
surgindo em relação aos Estados
Unidos e o tratamento que está dando aos seus presos em Guantánamo,
que, talvez por coincidência, fica
também em Cuba.
Preocupação reserva-se para muitos dos atos praticados durante o
massacre no Iraque.
De democracias espera-se outro tipo de comportamento. De ditaduras,
como a cubana, espera-se mesmo a
violência, e ela não causa preocupação, causa repúdio. Ponto.
Passou da hora de a esquerda brasileira, parte dela no poder, contemporizar com as violações aos direitos
humanos em Cuba. Durante meio século, ficou no ar o argumento de que
um pequeno e pobre país submetido
ao embargo da mais poderosa nação
na face da Terra deveria ser poupada
de críticas.
Bobagem. A violação aos direitos
humanos independe do embargo.
Faz parte da índole intrínseca de toda e qualquer ditadura.
Se o Itamaraty não quer, como alega em texto ontem publicado pela
Folha, engrossar uma suposta conspiração norte-americana contra Cuba,
que apresente moção de repúdio e/ou
de investigação a respeito da situação
dos presos em Guantánamo ou a respeito de crimes cometidos pelas tropas dos EUA no Iraque.
O que não dá é omitir-se em relação
aos direitos humanos quando quem
os viola é adversário dos Estados Unidos. Só perfeitos imbecis dirão que, se
o Brasil votar contra Cuba na questão dos direitos humanos, se terá vendido ao imperialismo.
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