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ELIANE CANTANHÊDE
"Melhor para o país"
BRASÍLIA - O PT defendia a reeleição em 1993, quando Lula era o
favorito à Presidência para o ano
seguinte, mas acabou atropelado
pelo Real e pela candidatura FHC.
E o PSDB passou a defender a
reeleição quando a balança se inverteu e FHC, eleito e bem avaliado
no primeiro mandato, tratou de liberar Sérgio Motta para "articular"
a mudança constitucional.
Agora, o PSDB já teve dois mandatos, o PT está no segundo e os
dois partidos acertam um meia-volta, volver. Será que é porque a reeleição se mostrou ruim e perversa
para o país? Ou será que, mais uma
vez, é porque convém mudar as regras para acomodar os interesses?
Cada um responda como quiser,
mas vamos aos fatos. No caso de Lula, o fim da reeleição viria bem a calhar. Seria escandaloso trabalhar
pela re-reeleição à la Chávez, mas
não por um terceiro mandato em
2014 ou 2015, depois de um só do
seu sucessor e de acordo com uma
regra novinha em folha.
Do lado do PSDB, tudo indica
(apesar de ninguém admitir) que há
um acordão etário entre José Serra
e Aécio Neves, pelo qual o mais velho disputa um mandato de cinco
anos em 2010 e abre vaga para o
mais novo no seguinte, cabendo a
este enfrentar Lula nas urnas. Serra
trocaria um mandato por mais um
ano. Tudo pela "unidade".
Não por acaso os líderes da mudança são o ministro Tarso Genro e
o presidente do PT, Ricardo Berzoini, pelo governo, e os deputados Jutahy Jr. (BA) e Nárcio Rodrigues
(MG), fiéis escudeiros de Serra e de
Aécio, pelo PSDB. Eles não se mexeriam sem um sopro "de cima".
O fim da reeleição prematuramente (passou a valer em 1998)
acomoda o interesse e a conveniência dos caciques. Só falta combinar
com os índios -os milhares de parlamentares, prefeitos e candidatos
que já devem estar fazendo seus
próprios cálculos, nos quais, certamente, o que menos conta é o que
mais interessa ao país.
elianec@uol.com.br
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