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MENOS FLORESTAS
Ao contrário do "estancamento" que o Ministério do
Meio Ambiente chegou a comemorar, cresce o ritmo de desmatamento
na Amazônia. Segundo levantamento do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), a área desflorestada cresceu 15% de agosto de 1999 a
agosto de 2000 em relação aos 12 meses anteriores. São 19.832 quilômetros quadrados, quase o equivalente
a Sergipe (22.050 km2).
O desmatamento acumulado na
Amazônia era de 13,9% em 1999. Para 2000, dados ainda preliminares
sugerem uma área devastada de
14,3%. Projeção do Fundo Mundial
da Natureza (WWF) indica que, se
forem mantidos os atuais níveis
anuais de degradação, em menos de
dez anos a Amazônia perderá o equivalente a um Acre (153.149 km2).
Para piorar, a bancada ruralista
pretende aprovar leis que, na prática,
reduzem as áreas de reserva legal na
floresta. O programa "Avança Brasil", do governo federal, prevê obras
de infra-estrutura que teriam impacto negativo sobre a vegetação. Estudo
da ONG Ipam (Instituto de Pesquisa
Ambiental da Amazônia) publicado
em 2000 indica que, se todas as estradas do plano fossem pavimentadas
ou construídas, a Amazônia perderia
180 mil quilômetros quadrados de
florestas em duas ou três décadas.
É importante trabalhar com números para conhecer a dimensão do
problema. Mas é importante acima
de tudo desenvolver uma política para a Amazônia. Conservar florestas é
fundamental, mas não serão fiscalização nem leis de reserva legal que,
sozinhas, impedirão o desmatamento, sobretudo pela quase impossibilidade de impor seu cumprimento,
numa área de 4 milhões de km2.
Enquanto não surgirem alternativas de desenvolvimento sustentável
para a região, a tendência é que a floresta sucumba a interesses econômicos imediatistas. É preciso, portanto,
fazer com que o interesse econômico
esteja em preservar a floresta, o que
só se conseguirá com políticas consistentes para as várias áreas que
compõem a região. É essa a discussão que está faltando. Enquanto ela
não ocorrer, a cada ano haverá sempre menos florestas.
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