São Paulo, quinta-feira, 17 de maio de 2001

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EDUCAÇÃO E POBREZA

O início do cadastramento nos programas Renda Mínima, Bolsa-Trabalho e Começar de Novo, todos da Prefeitura de São Paulo, indicou que a maioria dos 31 mil interessados tem mais de cinco anos de escolaridade. Serão concedidos cerca de 10 mil benefícios.
O secretário municipal do Trabalho, Márcio Pochmann, afirmou que esse dado indica que mudou o perfil da pobreza no país. Nesse sentido, Pochmann mostrou especial preocupação com o aumento do número dos chamados "novos pobres", que são jovens de 16 a 20 anos, com mais de oito anos de escolaridade e sem perspectiva de trabalho.
O acesso à educação é um princípio de cidadania antes mesmo de ser um requisito de competitividade numa economia cada vez mais aberta à competição. Nesse sentido, é uma boa notícia identificar que, ao menos em uma região mais rica como São Paulo, uma faixa de população mais pobre tem tido maior acesso ao ensino, ainda que seja questionável a qualidade da educação adquirida.
Muitos especialistas costumam destacar que, entre a população mais pobre, têm maior nível de renda aqueles que tiveram mais anos de escolaridade. Esse é um resultado frequentemente obtido por análises estatísticas sobre a renda.
No entanto, o que os dados da cidade de São Paulo parecem mostrar é que tal resultado tende a se modificar quando cresce o nível geral de escolaridade da população, ou seja, quando ter educação básica deixa de ser um diferencial em relação à maioria das pessoas.
Do ponto de vista de políticas públicas, essa mudança não significa que a educação deva deixar de ser prioridade. Significa somente que melhorar a educação não é suficiente. É também preciso que haja crescimento econômico. Só assim serão criadas oportunidades de trabalho para uma população com maior nível de escolaridade.


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