São Paulo, quinta-feira, 17 de maio de 2001

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CLÓVIS ROSSI

Liberal ou incompetente?

SÃO PAULO - A crise energética provocou uma mudança de qualidade na avaliação do ministro da Fazenda, Pedro Malan. Até aqui, com uma ou outra exceção, as críticas ao ministro tinham uma coloração nitidamente ideológica.
Era condenado por ter uma visão de mundo supostamente neoliberal, pouco importando se essa crítica era ou não justa. O fato é que não se supunha que Malan errasse por má-fé ou incompetência, mas por acreditar que determinadas políticas produziriam bons resultados no curto, médio ou longo prazo. Claro que havia exceções, mas a tônica geral entre os críticos era essa.
Nem mesmo o problema do câmbio os levou a questionar a competência do ministro. Exceto Luís Nassif, que mais de uma vez apontou o contra-senso de o mesmo ministro que defendia o câmbio semifixo passar a defender o câmbio flutuante. De todo modo, a bola da vez, na crise cambial, foi o então presidente do Banco Central, Gustavo Franco.
Só agora há quem levante suspeitas sobre a competência de Malan para comandar a economia.
O manifesto da Força Sindical, pedindo a defenestração de Malan, é a grande indicação da mudança de qualidade na avaliação do ministro. A Força não chega a ser, sabidamente, um movimento revolucionário. Nem costuma ser rotulada como combativa.
Ao contrário, no geral trabalha com o governo, não contra o governo. Se chega ao extremo de pedir a demissão de Malan, não é porque discorda do suposto neoliberalismo do ministro, mas porque duvida de sua competência.
Mesmo para a Força, fica difícil deixar de estender o julgamento para o governo como um todo. O que é, digamos, interessante, prestes a se iniciar o processo sucessório.


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