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CLÓVIS ROSSI
Liberal ou incompetente?
SÃO PAULO - A crise energética provocou uma mudança de qualidade
na avaliação do ministro da Fazenda, Pedro Malan. Até aqui, com uma
ou outra exceção, as críticas ao ministro tinham uma coloração nitidamente ideológica.
Era condenado por ter uma visão
de mundo supostamente neoliberal,
pouco importando se essa crítica era
ou não justa. O fato é que não se supunha que Malan errasse por má-fé
ou incompetência, mas por acreditar
que determinadas políticas produziriam bons resultados no curto, médio
ou longo prazo. Claro que havia exceções, mas a tônica geral entre os críticos era essa.
Nem mesmo o problema do câmbio
os levou a questionar a competência
do ministro. Exceto Luís Nassif, que
mais de uma vez apontou o contra-senso de o mesmo ministro que defendia o câmbio semifixo passar a defender o câmbio flutuante. De todo
modo, a bola da vez, na crise cambial, foi o então presidente do Banco
Central, Gustavo Franco.
Só agora há quem levante suspeitas
sobre a competência de Malan para
comandar a economia.
O manifesto da Força Sindical, pedindo a defenestração de Malan, é a
grande indicação da mudança de
qualidade na avaliação do ministro.
A Força não chega a ser, sabidamente, um movimento revolucionário.
Nem costuma ser rotulada como
combativa.
Ao contrário, no geral trabalha
com o governo, não contra o governo.
Se chega ao extremo de pedir a demissão de Malan, não é porque discorda do suposto neoliberalismo do
ministro, mas porque duvida de sua
competência.
Mesmo para a Força, fica difícil deixar de estender o julgamento para o
governo como um todo. O que é, digamos, interessante, prestes a se iniciar o processo sucessório.
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