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ELIANE CANTANHÊDE
ACM, a ilha
BRASÍLIA - O tempo, as circunstâncias e os senadores estão fechando o
cerco contra ACM, que ontem colecionou derrotas:
1) No Conselho de Ética, o relatório
do senador Saturnino Braga (PSB-RJ) foi implacável, sem concessões,
pedindo a cassação. E será decidido
na semana que vem por voto aberto.
É o voto para a opinião pública. Ou
seja, o pior inimigo de ACM.
2) Na Bahia, sai a foto do abraço de
Zélia Gattai e de Gal Costa no velho
cacique e entra a do confronto da estudantada com a polícia. Uma imagem envolta em gás lacrimogêneo e
em um certo ar do passado que só
piora o ânimo popular contra ACM.
3) No Congresso em geral, o clima
era pela cassação e, curiosamente,
não havia constrangimento ou tristeza, como seria natural. Sem querer
ser sádica, era quase de alegria. Os
petistas se abraçavam. O presidente
do Conselho de Ética, Ramez Tebet,
desfilava de mesa em mesa no restaurante, comemorando.
4) Se há um "acordão" entre FHC e
ACM, como diz o PT e adivinham os
que prestam serviço ao cacique baiano, ele ainda não deu as caras. FHC
antes dizia que iria lavar as mãos.
Agora, estimula aliados a favor da
cassação e manda o porta-voz dizer
que o Congresso é soberano. Mais ou
menos assim: cumpra-se o destino.
5) No PMDB, há dois grupos: os que
articularam ou defenderam o voto
aberto, como Tebet e o líder Renan
Calheiros, e os que não mexeram
uma palha por ACM e mal disfarçavam o prazer, como Jader Barbalho.
6) O próprio ACM, que já era a
imagem da derrota, como bem registrou a Folha ontem, agora começa
também a falar e a agir como derrotado. Primeiro, admitiu a renúncia.
Depois, disse que jamais fez isso. Mas
as câmeras de TV não mentem.
O processo de cassação ganhou
uma dinâmica própria, ditada pela
opinião pública. Os adversários de
ACM botaram as asinhas de fora. Os
aliados minguaram. Os contrários à
cassação calaram. O PFL e ACM ficaram falando sozinhos.
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