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CLÓVIS ROSSI
De herdeiro a cúmplice
SÃO PAULO - Digamos que a revista "Veja" houvesse flagrado em cenas
explícitas de alta corrupção um alto
funcionário dos Correios, em nome
da alta cúpula do PTB, durante o governo anterior. O que diria você, petista roxo, mas ainda honesto nas
suas convicções? Baita escândalo,
não é? Mas perfeitamente possível e
até previsível. Vejamos:
1 - O PTB era aliado de Fernando
Henrique da mesma forma que ficou
aliado de Lula.
2 - O presidente nacional do PTB,
Roberto Jefferson, foi membro ativo
da tropa de choque do governo Fernando Collor de Mello, aquele presidente deposto por falta de decoro.
Quem é aliado de um político indecoroso não é boa companhia para
gente que se pretende decente, não é
mesmo?
Ainda mais que Jefferson foi aliado
de Collor também em todas as canalhices cometidas pelo então candidato contra seu principal adversário,
casualmente chamado Luiz Inácio
Lula da Silva.
O que você, petista roxo, mas honesto, esperaria de quem tem tal tipo
de comportamento e de quem se alia
a um governante notória e publicamente carente de decoro?
Se fosse no governo passado -e poderia perfeitamente ter sido-, você
babaria de indignação, pediria todas
as CPIs possíveis, exigiria o garrote
vil para o presidente da República e
por aí vai.
E agora? Se você é petista roxo, mas
conseguiu conservar-se honesto (espero que haja muito assim, embora
silenciosos), tudo o que pode fazer é
mais silêncio ainda.
Por um motivo simples: o seu partido aceitou toda a chamada "herança
maldita", até a parte podre dela. Não
é mais herdeiro que pode tirar o corpo fora culpando o legado recebido.
Agora, é cúmplice.
@ - crossi@uol.com.br
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