São Paulo, terça-feira, 17 de maio de 2005

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VALDO CRUZ

Risco de contágio

BRASÍLIA - No início do mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, muita gente questionava a independência do Banco Central na condução da política monetária. Não sem motivos, afinal as pressões internas sobre o BC eram explícitas.
Em algumas oportunidades, o BC até parece ter cedido, pelo menos em parte, aos "argumentos" palacianos ao determinar a taxa de juros da economia. Hoje, porém, depois de seguidas altas nos juros, ninguém mais fala em interferência política no comando do BC.
Amanhã, por sinal, mais uma alta pode ser anunciada, para desencanto do presidente Lula. Ele estava confiante de que neste ano não haveria mais alta de juros. Chegou até a verbalizar esse seu desejo.
Frustrado, Lula a cada mês aguardou uma boa notícia. Não falava nem mais em queda, mas em deixar tudo como está. Essa era sua esperança para a reunião deste mês do Copom. Mas os últimos números da inflação levantaram dúvidas dentro do governo e no mercado.
O BC ficou particularmente preocupado com a alta do IPCA, o índice que vale para a meta de inflação de 5,1% neste ano. O desaquecimento da economia, porém, pode pesar na decisão do BC e a taxa se manter em 19,5% ao ano.
Poderia ser diferente? Sim, principalmente se o presidente e sua equipe não complicassem tanto. Dentro do BC, por exemplo, usa-se um dado -que pode ser mero chutômetro, e deve ser- de que a taxa poderia estar três pontos percentuais mais baixa não fossem os sucessivos erros do próprio governo petista.
O dado pode ser até um chute, mas é fato que os inúmeros erros do governo atrapalham o ambiente econômico. A confusão que virou a articulação política, por exemplo, já faz alguns ministros avaliarem que o ano está perdido no Congresso.
O pior dos mundos parece estar logo ali em se tratando de governo PT: a crise política contaminar de vez a economia. Lula insiste em não enxergar tal realidade.


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