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FERNANDO RODRIGUES
Argumentos
BRASÍLIA - Dois argumentos principais estão em disputa nesta eleição.
Um a favor do PT e de Lula. Outro
em defesa de José Serra ou de quem se
habilitar a ir para o segundo turno
em nome do atual regime.
Eis um resumo do que se ouve dos
marqueteiros, os verdadeiros comandantes do processo:
1) Lula - o eleitor será convidado
a pensar em 98. Naquele ano, o governo dizia que o PT na Presidência
traria instabilidade. O real perderia
valor. A inflação sairia do controle.
A maior parte da mídia bateu continência. Não houve debates na TV.
A população votou meio sem saber,
por inércia. Ficou com FHC. Nos seus
primeiros dias de governo, em 99, o
tucano foi forçado a desvalorizar o
real. O país entrou em crise. Cresceu
de forma medíocre.
"Lula perdeu a eleição quando o
Plano Real deu certo. Não pode perder agora que deu errado", resume
um marqueteiro lulista. O eleitor será
instado a responder: "Você vai dar
novamente um voto de confiança para quem desvalorizou o real e colocou
o Brasil nesse ritmo ruim? Você quer
dar uma chance ao Lula ou votar
sem emoção em Serra?".
2) Serra - o discurso dos tucanos é
simples. Mais do mesmo. A letra do
"jingle" da campanha sintetiza: "O
Brasil já mudou muito/ E tem de mudar muito mais/ Mudar sem perder o
rumo/ Tendo rumo a gente que faz".
Em resumo, o "continuidade sem
continuísmo" de Serra.
Mais adiante: "Eu quero Serra/
Porque o Brasil quer mais/ Avançar,
melhorar, corrigir/ Só não quero andar para trás". Andar para trás, é claro, são todos os adversários de Serra.
Lula, sobretudo.
Os marqueteiros serristas proporão
uma reflexão aos eleitores: "Com
FHC o Brasil teve problemas. Mas poderia ter sido pior com o Lula. Será
que vale arriscar agora ou é melhor
votar mesmo no Serra?".
Aí estão os argumentos. Impossível
dizer qual dos dois vai funcionar.
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