São Paulo, segunda-feira, 17 de junho de 2002

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FERNANDO RODRIGUES

Argumentos

BRASÍLIA - Dois argumentos principais estão em disputa nesta eleição. Um a favor do PT e de Lula. Outro em defesa de José Serra ou de quem se habilitar a ir para o segundo turno em nome do atual regime.
Eis um resumo do que se ouve dos marqueteiros, os verdadeiros comandantes do processo:
1) Lula - o eleitor será convidado a pensar em 98. Naquele ano, o governo dizia que o PT na Presidência traria instabilidade. O real perderia valor. A inflação sairia do controle.
A maior parte da mídia bateu continência. Não houve debates na TV. A população votou meio sem saber, por inércia. Ficou com FHC. Nos seus primeiros dias de governo, em 99, o tucano foi forçado a desvalorizar o real. O país entrou em crise. Cresceu de forma medíocre.
"Lula perdeu a eleição quando o Plano Real deu certo. Não pode perder agora que deu errado", resume um marqueteiro lulista. O eleitor será instado a responder: "Você vai dar novamente um voto de confiança para quem desvalorizou o real e colocou o Brasil nesse ritmo ruim? Você quer dar uma chance ao Lula ou votar sem emoção em Serra?".
2) Serra - o discurso dos tucanos é simples. Mais do mesmo. A letra do "jingle" da campanha sintetiza: "O Brasil já mudou muito/ E tem de mudar muito mais/ Mudar sem perder o rumo/ Tendo rumo a gente que faz". Em resumo, o "continuidade sem continuísmo" de Serra.
Mais adiante: "Eu quero Serra/ Porque o Brasil quer mais/ Avançar, melhorar, corrigir/ Só não quero andar para trás". Andar para trás, é claro, são todos os adversários de Serra. Lula, sobretudo.
Os marqueteiros serristas proporão uma reflexão aos eleitores: "Com FHC o Brasil teve problemas. Mas poderia ter sido pior com o Lula. Será que vale arriscar agora ou é melhor votar mesmo no Serra?".
Aí estão os argumentos. Impossível dizer qual dos dois vai funcionar.



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