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São Paulo, quarta-feira, 17 de setembro de 2003

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VOTO À CALIFÓRNIA

O já inusitado processo de "recall" do governador da Califórnia ganhou contornos ainda mais extraordinários com a decisão de um tribunal de apelações federal de adiar a realização do pleito, previsto para o próximo dia 7 de outubro. As razões alegadas pela Corte do Nono Circuito também são pouco usuais: a Califórnia precisa modernizar seu sistema de votação e aposentar as cédulas de perfurar que tanta confusão causaram nas eleições presidenciais de 2000, da qual George W. Bush saiu vitorioso.
Como ocorreu três anos atrás, a decisão de anteontem, tomada por três dos juízes mais liberais da mais liberal das cortes superiores federais, é vista como altamente politizada. O beneficiado, desta feita, é o Partido Democrata, pois o adiamento do "recall" para março tende a beneficiar o atual governador democrata, Gray Davis, que ganharia mais tempo e mais armas para defender seu mandato. Se o acórdão não for derrubado, já que deve haver recurso, o "recall" ocorreria junto com as prévias presidenciais do Partido Democrata.
Independentemente dos méritos jurídicos da questão, existem razões estatísticas para justificar a decisão de segunda-feira. A taxa de "desperdício" de votos com a tecnologia da cédula de perfurar, que abrange 44% dos eleitores californianos, é de 2,23%. Já as máquinas de votar, oferecidas aos 56% dos eleitores restantes, apresenta um índice de falhas de apenas 0,89%. Evidentemente, os condados que dispõem das cédulas de perfurar são os mais pobres, habitados por membros de minorias.
É curioso constatar que os EUA, berço da democracia contemporânea, não apenas tenham dificuldades para contabilizar seus votos como também demonstrem pouco interesse em aperfeiçoar o sistema.


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