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São Paulo, quarta-feira, 17 de setembro de 2003

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CLÓVIS ROSSI

Cancún em Miami?

CIDADE DO MÉXICO - A próxima reunião ministerial da Alca (Área de Livre Comércio das Américas), marcada para novembro em Miami, tende a ser um belo espetáculo, a julgar pela fúria com que os norte-americanos (e também os europeus) receberam o comportamento em Cancún do Brasil e do G-21, o grupo de países em desenvolvimento liderado pelo Brasil, agora integrado por 23 países.
Robert Zoellick, o chefe do USTr (United States Trade Representative, uma espécie de ministério do Comércio Exterior), deixou na sua última entrevista coletiva em Cancún uma espécie de aviso ao atacar a "retórica incendiária" de alguns "grandes países em desenvolvimento". Os alvos são, na essência, Brasil e China.
Mas, como a China não faz parte da Alca, é óbvio que o problema é entre Brasil e Estados Unidos. O jornal "The Miami Herald", em sua edição de ontem, reproduz a seguinte frase de Robin Rosenberg, especialista em Comércio do Centro Norte-Sul da Universidade de Miami: "O Brasil está emergindo de Cancún como um líder global do mundo em desenvolvimento".
O mundo rico e, em especial, os Estados Unidos não gostam nadinha de contrapontos -por mais que a distância entre o peso econômico dos países seja imensa.
Logo é razoável supor que queiram fazer de Miami a oportunidade para devolver o Brasil a seu devido lugar. É bom notar que, na conferência da Alca, estarão presentes 12 dos membros do G-23, sem contar o próprio Brasil (Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Equador, Guatemala, México, Paraguai, Peru e Venezuela).
O grupo não foi criado para a Alca, mas para enfrentar uma proposta americano-européia muito modesta em matéria de liberalização agrícola. Mas na Alca também se discute a questão agrícola e o formidável protecionismo norte-americano nessa área. Seria quase natural que se reproduzisse em Miami a aliança que sacudiu Cancún.


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