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CLÓVIS ROSSI
A endemia e a quadrilha
SÃO PAULO- Que a corrupção no
Brasil é "endêmica", não precisaria
o Banco Mundial dizer. Todo mundo sabe.
Novidade é o fato de que, ao terminar o governo do partido que se
intitulava dono exclusivo da ética, a
corrupção não só continua "endêmica" como se agravou.
Como diria o presidente Lula,
"nunca neste país" um procurador-geral da República havia acusado a
cúpula, TODA a cúpula, de um partido do governo de formar uma
"quadrilha".
Sempre neste país, acusados de
corrupção se defendiam, negavam
até a morte que política se faz obrigatoriamente pondo a mão em matéria fecal. Agora, petistas dão de
ombros para esse comportamento
ou tem até orgasmos com ele, como
se vê em artigos de supostas intelectuais do PT.
Natural, nessa podridão, que se
chegue ao dossiê contra José Serra.
Anos atrás, Lula e o PT, corretamente, haviam desprezado o papelório do chamado "dossiê Cayman".
Agora, ao contrário, um filiado ao
partido e uma pessoa que se disse a
serviço do PT são presos com dinheiro vivo (e não pouco, R$ 1,7 milhão), que seria usado para comprar
o novo dossiê.
Ou seja, a "quadrilha" mostra
agora um novo ramo de atividades,
sempre, no entanto, como "organização criminosa". Aliás, só delinqüentes usam dinheiro vivo, nessa
proporção, para qualquer tipo de
operação.
Enquanto isso, a renda do trabalhador no governo do Partido dos
Trabalhadores caiu a um ritmo
anual de 1,12% e, pela primeira vez
em 13 anos, aumentou o número de
crianças entre 5 e 14 anos que são
forçadas a trabalhar.
Até a única boa notícia contida na
Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios (a queda na desigualdade) é falsa, porque o Ipea já demonstrou que a pesquisa contém
brutal sub-declaração dos rendimentos com juros.
crossi@uol.com.br
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