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ELIANE CANTANHÊDE
Mais uma frente de batalha
BRASÍLIA - Com a Venezuela de
Hugo Chávez, a Bolívia de Evo Morales, a Argentina de Néstor Kirchner e vai por aí afora, o Brasil acabou se descuidando do seu quintal.
Quer dizer, do seu vizinho, o Paraguai. E os Estados Unidos não perderam tempo.
Enquanto o Brasil se vê às voltas
com os "esquerdistas", Washington
já tem um pé na Colômbia e está botando outro no Paraguai. A diferença é que a base colombiana é militar
e justificada pelo combate ao narcotráfico. A paraguaia, recém-criada, se reveste de ação cívico-social e
segue a estratégia cubana de ocupação: via médicos, dentistas, vacinas,
remédios.
O presidente Nicanor Duarte, de
bobo, não tem nada. Ele atira em todas as direções, ora jogando charme, ora fazendo chantagem explícita. E consegue, ao mesmo tempo,
atrair a atenção americana, provocar o Brasil e se aliar à Venezuela
-que já compra títulos argentinos e
se propõe a quitar dívidas paraguaias com Itaipu, o investimento
binacional com o Brasil.
O mesmo sentimento anti-imperialista de setores brasileiros diante
dos EUA é difundido na sociedade
paraguaia em relação ao Brasil, assim: "Imperialistas por imperialistas, preferimos os EUA. Eles, pelo
menos, soltam mais grana".
O Brasil acaba de acordar e criar
com a Argentina um fundo de cooperação para o desenvolvimento
dos sócios menores do Mercosul
-o Paraguai e o Uruguai, doido por
um acordo com os EUA para sua
carne.
Diante da expectativa de vitória
de Lula, o governo trata de anunciar
extra-oficialmente que nada muda
na política externa. Se mudar, é só
para aprofundar ainda mais o que já
está aí e, por exemplo, voltar a se
preocupar com o Paraguai e o Uruguai, num movimento que diplomatas chamam de "revitalização
das relações". E que se traduz como:
recuperar os dois das garras "bondosas" do Tio Sam.
elianec@uol.com.br
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