São Paulo, segunda-feira, 17 de setembro de 2007

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VALDO CRUZ

Timing

BRASÍLIA - O momento ideal para Renan Calheiros pedir água e sair para descansar da presidência do Senado passou. Era ali, logo após a vitória na sessão que o absolveu, quando deveria ter dito que estava exausto e precisava de um tempo.
Isso foi dito diretamente a ele, logo após o julgamento, por gente do Palácio do Planalto. Agora, na avaliação de amigos do presidente Lula, a chance de Renan pedir licença do cargo é quase zero.
Daí que a expectativa quanto ao resultado de uma reunião entre Lula e Renan, ainda a ser agendada, é bem pequena. Apesar dos desejos de que o presidente seduza seu aliado e o convença a sair de circulação, ninguém acredita que algo mudará na cabeça do senador.
Além do mais, imagine a cena: Renan vai ao Planalto, conversa com Lula, e sai dizendo que decidiu pedir licença. Seria passar recibo, com cópia no cartório, de que o presidente operou para salvar o mandato do senador, que retribuiu o apoio cedendo aos apelos palacianos para dar uma voltinha e voltar depois de aprovada a prorrogação do imposto do cheque.
A única janela que restaria hoje para um pedido de licença, na análise de lulistas, seria exatamente antes de um encontro do senador com Lula. De volta de uns dias de descanso, ele poderia sair com a velha desculpa: "Diante dos pedidos da família, a quem devo muito, decidi tirar uns meses de folga".
Amigos de Renan, porém, não acreditam nessa hipótese. Ele, como um bom alagoano, adora um enfrentamento. Resistiu até aqui e avalia que as demais denúncias são fracas e não vão prosperar.
Aposta ainda que democratas e tucanos não seguirão unidos internamente na luta contra a CPMF, a única coisa que de fato interessa a Lula no momento.
O risco, para ele, é Renan errar o tom e a turma da abstenção descer do muro. Não por outro motivo colegas do senador alertam que o cenário ainda não está muito claro e a maré pode mudar. Falta o alagoano querer ouvir. Tá difícil.

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