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VALDO CRUZ
Timing
BRASÍLIA - O momento ideal para Renan Calheiros pedir água e sair
para descansar da presidência do
Senado passou. Era ali, logo após a
vitória na sessão que o absolveu,
quando deveria ter dito que estava
exausto e precisava de um tempo.
Isso foi dito diretamente a ele, logo após o julgamento, por gente do
Palácio do Planalto. Agora, na avaliação de amigos do presidente Lula, a chance de Renan pedir licença
do cargo é quase zero.
Daí que a expectativa quanto ao
resultado de uma reunião entre Lula e Renan, ainda a ser agendada, é
bem pequena. Apesar dos desejos
de que o presidente seduza seu aliado e o convença a sair de circulação,
ninguém acredita que algo mudará
na cabeça do senador.
Além do mais, imagine a cena:
Renan vai ao Planalto, conversa
com Lula, e sai dizendo que decidiu
pedir licença. Seria passar recibo,
com cópia no cartório, de que o presidente operou para salvar o mandato do senador, que retribuiu o
apoio cedendo aos apelos palacianos para dar uma voltinha e voltar
depois de aprovada a prorrogação
do imposto do cheque.
A única janela que restaria hoje
para um pedido de licença, na análise de lulistas, seria exatamente antes de um encontro do senador com
Lula. De volta de uns dias de descanso, ele poderia sair com a velha
desculpa: "Diante dos pedidos da
família, a quem devo muito, decidi
tirar uns meses de folga".
Amigos de Renan, porém, não
acreditam nessa hipótese. Ele, como um bom alagoano, adora um enfrentamento. Resistiu até aqui e
avalia que as demais denúncias são
fracas e não vão prosperar.
Aposta ainda que democratas e
tucanos não seguirão unidos internamente na luta contra a CPMF, a
única coisa que de fato interessa a
Lula no momento.
O risco, para ele, é Renan errar o
tom e a turma da abstenção descer
do muro. Não por outro motivo colegas do senador alertam que o cenário ainda não está muito claro e a
maré pode mudar. Falta o alagoano
querer ouvir. Tá difícil.
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