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PAUTA DE TRANSIÇÃO
Final de governo geralmente é
um período em que tanto o Executivo quanto o Legislativo seguem
em marcha lenta, tratando apenas de
administrar o tempo até a posse dos
novos eleitos, de preferência evitando tomar medidas de grande impacto. Pelo que se pode hoje prever para
os pouco mais de 60 dias que separarão a eleição do novo presidente de
sua posse, as semanas finais do governo de Fernando Henrique Cardoso e da legislatura atual no Congresso serão uma exceção à regra.
A não ser que a tendência de desvalorização do real seja fortemente revertida, é provável que governo e
congressistas tenham de começar a
discutir e a votar temas suscitados
pela situação de emergência financeira já a partir da primeira quinzena
de novembro. Como têm obrigatoriamente de aprovar o Orçamento do
ano que vem, as primeiras medidas
amargas podem começar por aí.
Sem melhora do quadro, é de esperar
que o Fundo Monetário Internacional pressione por um ajuste fiscal superior ao de 3,75% do PIB.
Revisões para baixo nas expectativas de receitas -advindas de um
ajuste para baixo na previsão de crescimento econômico- podem ter de
ser feitas, redespertando polêmicas
em torno, por exemplo, do reajuste
do salário mínimo.
Além disso, a necessidade de garantir as metas fiscais pode levar o
Congresso a fazer mais uma tentativa de aprovar uma reforma na Previdência, bem como a adiar o alívio tributário no Imposto de Renda da Pessoa Física que viria com o recuo da
alíquota máxima de 27,5% para 25%.
Outro foco de polêmica, a autonomia do Banco Central, pode entrar
em cena como tentativa de aplacar a
fúria dos mercados financeiros.
O melhor é que alterações impactantes, no período de transição, sejam realizadas com a anuência e o
apoio parlamentar do presidente
eleito. E é de esperar que o presidente
eleito, diante de uma situação de
emergência financeira, dê seu aval a
medidas impopulares.
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