São Paulo, quinta-feira, 17 de outubro de 2002

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VIOLÊNCIA NO RIO

O Rio de Janeiro viveu mais uma noite de violência anteontem. Pelas informações até aqui disponíveis, uma tentativa frustrada de resgatar presos no complexo penitenciário de Bangu desencadeou uma onda de tumultos. Houve uma rebelião no presídio e uma série de atentados em vários bairros da cidade.
Traficantes metralharam o Palácio Guanabara, sede do governo do Estado, um batalhão da PM, uma delegacia, carros das polícias Militar e Civil e ainda lançaram uma granada contra o Shopping Rio-Sul, em Botafogo. Sabe-se que um policial morreu e dois ficaram feridos.
Controlada a rebelião em Bangu 3, policiais capturaram em poder dos presos um verdadeiro arsenal de guerra: cinco pistolas, três fuzis AR-15, carregadores, granadas e 5 kg de explosivos. Drogas e uma ou outra arma acabam entrando em qualquer presídio do mundo. Já encontrar armamento pesado, de uso exclusivo das Forças Armadas, e altos explosivos é algo bem diferente.
Desta vez, pelo menos, o que parecia ser um ambicioso plano de fuga malogrou, mas não há motivos para muita comemoração. O crime desafia às escâncaras o Estado, o que é uma afronta não só ao governo fluminense mas à própria democracia brasileira. Infelizmente, ações como as de anteontem não são episódios isolados. Ao contrário, a situação de desmando é crônica e parece estar além da capacidade de resolução de governos estaduais ou mesmo do federal tomados em separado.
O tráfico tem como aliados, além de enormes quantias de dinheiro, problemas crônicos do Estado brasileiro, como a corrupção policial e o despreparo humano e tecnológico das forças da lei. Enfrentar tudo isso vai exigir mais do que boa vontade de governantes. É preciso uma verdadeira mobilização em torno da questão da segurança não só em seus aspectos policiais como também nos estruturais. Trata-se de um processo infelizmente lento, mas ao qual não podemos nos furtar.


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