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VIOLÊNCIA NO RIO
O Rio de Janeiro viveu mais uma
noite de violência anteontem.
Pelas informações até aqui disponíveis, uma tentativa frustrada de resgatar presos no complexo penitenciário de Bangu desencadeou uma
onda de tumultos. Houve uma rebelião no presídio e uma série de atentados em vários bairros da cidade.
Traficantes metralharam o Palácio
Guanabara, sede do governo do Estado, um batalhão da PM, uma delegacia, carros das polícias Militar e Civil e ainda lançaram uma granada
contra o Shopping Rio-Sul, em Botafogo. Sabe-se que um policial morreu e dois ficaram feridos.
Controlada a rebelião em Bangu 3,
policiais capturaram em poder dos
presos um verdadeiro arsenal de
guerra: cinco pistolas, três fuzis AR-15, carregadores, granadas e 5 kg de
explosivos. Drogas e uma ou outra
arma acabam entrando em qualquer
presídio do mundo. Já encontrar armamento pesado, de uso exclusivo
das Forças Armadas, e altos explosivos é algo bem diferente.
Desta vez, pelo menos, o que parecia ser um ambicioso plano de fuga
malogrou, mas não há motivos para
muita comemoração. O crime desafia às escâncaras o Estado, o que é
uma afronta não só ao governo fluminense mas à própria democracia
brasileira. Infelizmente, ações como
as de anteontem não são episódios
isolados. Ao contrário, a situação de
desmando é crônica e parece estar
além da capacidade de resolução de
governos estaduais ou mesmo do federal tomados em separado.
O tráfico tem como aliados, além
de enormes quantias de dinheiro,
problemas crônicos do Estado brasileiro, como a corrupção policial e o
despreparo humano e tecnológico
das forças da lei. Enfrentar tudo isso
vai exigir mais do que boa vontade de
governantes. É preciso uma verdadeira mobilização em torno da questão da segurança não só em seus aspectos policiais como também nos
estruturais. Trata-se de um processo
infelizmente lento, mas ao qual não
podemos nos furtar.
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