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ELIANE CANTANHÊDE
"Eficaz" para quê?
BRASÍLIA - O presidente Fernando Henrique Cardoso não só foi informado antes como acompanhou o recrudescimento da campanha do tucano José Serra e, finalmente, avalizou o ataque ao PT: é "eficaz", disse a
governistas, dando de ombros às críticas de "terrorismo eleitoral".
Em duas reuniões no Alvorada
-uma com líderes do PSDB e do governo no Congresso, outra com a tropa de choque pró-Serra no PSDB,
PMDB e PFL-, FHC concordou com
o discurso do "medo" se Lula for eleito: "medo do caos", "medo da fuga de
capitais", "medo da inflação", "medo
da bagunça administrativa". É isso
que José Aníbal, Arthur Virgílio,
Geddel Vieira Lima e o programa de
TV de Serra propagam.
Há controvérsias, entretanto,
quanto à "eficácia": 1) isso influencia
mesmo o eleitorado? 2) e obrigatoriamente contra Lula? 3) há tempo para
uma reviravolta com a diferença de
tantos milhões de votos?
A não ser que o ataque seja "eficaz"
não exatamente para ganhar a eleição mas para articular já a futura
oposição ao governo Lula no Congresso. Com a crescente sensação de
que Lula "já ganhou", o "núcleo duro" do governo FHC e do segundo
turno de Serra pode estar já se posicionando para o que vem depois.
Política é política. Ontem, Ciro e
Garotinho diziam cobras e lagartos
sobre Lula, mas hoje estão todos juntos. Nada impede, pois, que a "onda
vermelha" colha um e outro do "núcleo duro" serrista. Mas, tomando-se
apenas a atual contundência contra
o possível governo Lula, é difícil prever todos eles pendurados em cargos
e esfalfando-se para defender Lula e
o PT a partir de janeiro.
Os serristas, porém, vão enfrentar
resistências internas. Ontem mesmo,
enquanto FHC se reunia com a tropa
de choque de Serra no Alvorada, Aécio Neves se encontrava "casualmente" com Lula no aeroporto de Brasília. Depois de, também "casualmente", Lula cancelar uma entrevista
porque, de olho no relógio, tinha
muita pressa. Põe pressa nisso.
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