São Paulo, sexta-feira, 17 de novembro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

A conta do Rodoanel

ENSEJA dúvidas a decisão do governo paulista de privatizar e instalar pedágios no Rodoanel, principal obra de interligação rodoviária do Estado. A previsão é que a cobrança no trecho oeste, único já construído, comece em janeiro de 2008.
Entregar a construção e a exploração de rodovias com alto fluxo de veículos à iniciativa privada é uma atitude correta e, no mais das vezes, necessária. É mais razoável fazer os custos de uma estrada incidirem sobre os que dela se utilizam do que sobre o conjunto da população.
O Rodoanel, porém, foi concebido para integrar as estradas que saem da capital paulista e, assim, aliviar o trânsito de caminhões nas marginais Tietê e Pinheiros. Pedágios no Rodoanel atentariam contra esse objetivo. Se utilizar a rota perimetral sair mais caro do que trafegar pelas marginais, o Rodoanel correrá o risco de ficar subutilizado.
Evidentemente, quanto menor for o tráfego de veículos no Rodoanel pedagiado, menos recursos ele arrecadará, num processo que coloca em risco a própria idéia do autofinanciamento.
A única forma de compensar esse efeito é equalizando os custos de utilização da rota perimetral e das artérias urbanas. O complemento lógico do pedagiamento do Rodoanel é a cobrança para circular nas marginais.
Não há muita dúvida de que, em algum momento futuro, o problema do trânsito em São Paulo exigirá uma resposta radical como o pedágio urbano. É lamentável que políticos não tenham a coragem de abordar com clareza esse assunto.


Texto Anterior: Editoriais: Asas ao descontrole
Próximo Texto: São Paulo - Clóvis Rossi: Cuidado, pornografia
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.