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ELIANE CANTANHÊDE
Frustração
BRASÍLIA - Nada andou no Iraque, no Afeganistão, no Oriente
Médio; a América do Sul continua
fora do radar; a comemoração por
Honduras foi precipitada e, agora,
vem a péssima notícia de que os líderes mundiais decidiram adiar um
novo acordo climático. Copenhague caminha para o fracasso.
Há, portanto, uma frustração
com a troca de George W. Bush para
Barack Obama, o homem mais saudado do planeta nesta década?
No caso do Oriente Médio, já que
o Brasil recebe num único mês os
enviados de Israel, do Irã e da Autoridade Palestina, o ministro Celso
Amorim é claro: "Há uma frustração, sim. Quando Obama assumiu,
tive muita esperança, porque tinha
um discurso favorável, tinha abertura para o mundo islâmico, fez a
nomeação de um mediador, mas essas coisas não se materializaram.
Talvez ele estivesse muito ocupado
com outros assuntos".
O mito Obama, então, está sofrendo um choque de realismo?
Resposta de Amorim: "Bem...
avançou na questão de Honduras,
pelo menos até agora".
A ressalva ("pelo menos até agora") foi em boa hora, porque a entrevista foi na quinta, veio o fim de
semana e, com ele, o recuo do acordo em Honduras. Nem esse troféu
da política externa de Obama sobreviveu. O que sobra?
Mas o mais grave foi o fiasco norte-americano antes mesmo do início da Conferência do Clima em Copenhague. Para quem não se lembra, Obama fez campanha e dirigiu
boa parte do seu discurso de posse
prometendo uma alvissareira guinada na área ambiental. Tinha, portanto, obrigação não só de apresentar uma proposta ousada, de vanguarda, como de liderar os países ricos nessa direção.
Não conseguir sequer aprovar no
Senado o novo embaixador no Brasil, Thomas Shannon, é um microdetalhe. Mas é um dado de fragilidade a confirmar que, entre mitos e
bons presidentes, há uma distância
enorme: a realidade.
elianec@uol.com.br
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