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CLÓVIS ROSSI
A festa americana
COSTA DO SAUÍPE - Experiente
funcionário público, ex-ministro de
mais de uma pasta no Chile, pré-candidato às primárias que escolherão o candidato presidencial da
"Concertación", a coligação que governa o país desde o fim da ditadura
Pinochet em 1989, José Miguel Insulza põe uma pitada de ceticismo
(ou realismo?) no entusiasmo dos
governantes latino-americanos pelo que alguns chamam de OEA sem
os Estados Unidos e o Canadá.
Insulza é justamente o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos. Diz: "Não se pode
confundir uma instituição [como a
OEA] com uma conferência [como
as multicúpulas da Bahia]".
Teme que, por não ser uma instituição, a cúpula latino-americana e
caribenha termine por apenas convocar uma nova cúpula, já que não
tem poder institucional para ir
além de declarações de intenções,
por generosas que sejam.
Formalmente, ele até tem razão.
Mas, na América Latina, sempre se
dá um jeitinho. Tanto que a Unasul,
o conglomerado das 12 nações sul-americanas, também não é uma
instituição, suas regras nem sequer
foram aprovadas pelos Parlamentos, exceto os de Bolívia e Venezuela, mas, ainda assim, ontem foi
aprovado o estatuto do Conselho
Sul-Americano de Defesa, justamente uma área sensível.
O problema parece ser menos o
aspecto formal e mais as divisões
entre os países ao sul do rio Bravo.
Para resumir o que não é tão facilmente resumível, há duas grandes
divergências embricadas: entre os
que aceitaram gostosa ou constrangidamente o capitalismo e entre os
que falam e/ou praticam um socialismo, embora ainda incipiente e
pouco nítido.
Dessa divergência decorre a outra: a integração deve ser por meio
de uma OEA sem Canadá e Estados
Unidos ou é inevitável chamar também os dois para a festa americana?
Aguardo o seu palpite.
crossi@uol.com.br
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