São Paulo, segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

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Editoriais

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Debate prematuro

DE PASSAGEM pelo Rio neste sábado, o ministro Nelson Jobim defendeu a extensão da presença militar no Haiti por pelo menos mais cinco anos.
A destruição causada pelo terremoto, argumenta o titular da Defesa, justificaria não só renovar o mandato da Minustah (Missão da ONU para a Estabilização do Haiti), que termina em 2011, mas também modificar sua natureza, hoje centrada na manutenção da ordem, para que abranja a tarefa, mais complexa e onerosa, de reconstruir o país.
Diante da magnitude da catástrofe -que, de resto, vitimou a nação mais pobre das Américas-, não resta dúvida de que prolongar a ajuda internacional "in loco" será necessário. Se a ordem pública for depressa restaurada, investir numa rede básica de infraestrutura, algo que já ganhava importância nas ações multilaterais mesmo antes do sismo, vai tornar-se prioridade.
Mas é prematuro discutir, em meio aos escombros e aos clamores por socorro humanitário imediato, a configuração dessa missão renovada. A depender das necessidades do país, uma vez superada a situação de urgência, a presença de militares poderá ser paulatinamente reduzida, e o apoio de técnicos civis, como engenheiros e gestores administrativos, aumentado.
Outra discussão para o futuro é se o Brasil -que chefia a missão militar desde 2004 e mantém 1.250 soldados no Haiti- deveria continuar arcando com o maior ônus da empreitada. As queixas um tanto pueris do Itamaraty e do próprio Jobim, diante da maciça ajuda emergencial oferecida pelos EUA, mostram que a gestão Lula está demasiadamente preocupada com o aspecto simbólico da questão. A ponto de esquecer-se de que, agora, importa é que o auxílio chegue depressa aos haitianos e que a onda de violência no país seja debelada.


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