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Debate prematuro
DE PASSAGEM pelo Rio neste
sábado, o ministro Nelson
Jobim defendeu a extensão da presença militar no Haiti
por pelo menos mais cinco anos.
A destruição causada pelo terremoto, argumenta o titular da
Defesa, justificaria não só renovar o mandato da Minustah
(Missão da ONU para a Estabilização do Haiti), que termina em
2011, mas também modificar sua
natureza, hoje centrada na manutenção da ordem, para que
abranja a tarefa, mais complexa e
onerosa, de reconstruir o país.
Diante da magnitude da catástrofe -que, de resto, vitimou a
nação mais pobre das Américas-, não resta dúvida de que
prolongar a ajuda internacional
"in loco" será necessário. Se a ordem pública for depressa restaurada, investir numa rede básica
de infraestrutura, algo que já ganhava importância nas ações
multilaterais mesmo antes do
sismo, vai tornar-se prioridade.
Mas é prematuro discutir, em
meio aos escombros e aos clamores por socorro humanitário
imediato, a configuração dessa
missão renovada. A depender
das necessidades do país, uma
vez superada a situação de urgência, a presença de militares
poderá ser paulatinamente reduzida, e o apoio de técnicos civis, como engenheiros e gestores
administrativos, aumentado.
Outra discussão para o futuro é
se o Brasil -que chefia a missão
militar desde 2004 e mantém
1.250 soldados no Haiti- deveria
continuar arcando com o maior
ônus da empreitada. As queixas
um tanto pueris do Itamaraty e
do próprio Jobim, diante da maciça ajuda emergencial oferecida
pelos EUA, mostram que a gestão Lula está demasiadamente
preocupada com o aspecto simbólico da questão. A ponto de esquecer-se de que, agora, importa
é que o auxílio chegue depressa
aos haitianos e que a onda de violência no país seja debelada.
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