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Discrepância
O BANCO CENTRAL divulgou
nesta quinta-feira a ata da
reunião em que seu Comitê de Política Monetária optou
por reduzir novamente em apenas 0,25 ponto percentual a taxa
de juros. Os argumentos apresentados para justificar esse ritmo lento de corte da taxa Selic se
basearam na incerteza a respeito
dos efeitos que a redução dos juros já efetuada terá, mais à frente, sobre o dinamismo da demanda e, portanto, sobre o comportamento dos preços.
É compreensível que as preocupações do BC se concentrem
nas condições de cumprimento
da meta de inflação do ano que
vem -fixada pelo governo em
4,5%, mesmo valor deste ano.
Em relação a 2007, há boa
margem de conforto quanto ao
cumprimento da meta. A coleta
de expectativas realizada pelo
próprio BC vem apurando queda
progressiva da alta do IPCA projetada por bancos e consultorias
para este ano. A média das estimativas já está abaixo de 3,9%.
É natural que, no cenário para
2008, o grau de incertezas seja
maior. Ainda assim, parece bastante questionável a previsão do
BC de que, se a taxa de juros e a
cotação do dólar evoluírem daqui até o final do ano que vem
conforme hoje projetam, em média, os analistas privados, a alta
do IPCA ultrapassaria 4,5%. A
projeção média do setor privado,
que adota essas mesmas hipóteses, está em 4,1%.
Uma razão evidente da discrepância entre tais projeções está
na suposição adotada quanto à
elevação dos chamados preços
administrados (itens como combustíveis e contas de luz, água e
telefone), que têm peso de 31%
no IPCA. Enquanto os analistas
privados estimam que tais preços subirão 4,1% em 2008, a previsão do BC se mantém em 5,6%.
Espera-se que o BC reveja logo
essa hipótese e se convença de
que há margem para redução
mais rápida dos juros.
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