São Paulo, domingo, 18 de março de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Discrepância

O BANCO CENTRAL divulgou nesta quinta-feira a ata da reunião em que seu Comitê de Política Monetária optou por reduzir novamente em apenas 0,25 ponto percentual a taxa de juros. Os argumentos apresentados para justificar esse ritmo lento de corte da taxa Selic se basearam na incerteza a respeito dos efeitos que a redução dos juros já efetuada terá, mais à frente, sobre o dinamismo da demanda e, portanto, sobre o comportamento dos preços.
É compreensível que as preocupações do BC se concentrem nas condições de cumprimento da meta de inflação do ano que vem -fixada pelo governo em 4,5%, mesmo valor deste ano.
Em relação a 2007, há boa margem de conforto quanto ao cumprimento da meta. A coleta de expectativas realizada pelo próprio BC vem apurando queda progressiva da alta do IPCA projetada por bancos e consultorias para este ano. A média das estimativas já está abaixo de 3,9%.
É natural que, no cenário para 2008, o grau de incertezas seja maior. Ainda assim, parece bastante questionável a previsão do BC de que, se a taxa de juros e a cotação do dólar evoluírem daqui até o final do ano que vem conforme hoje projetam, em média, os analistas privados, a alta do IPCA ultrapassaria 4,5%. A projeção média do setor privado, que adota essas mesmas hipóteses, está em 4,1%.
Uma razão evidente da discrepância entre tais projeções está na suposição adotada quanto à elevação dos chamados preços administrados (itens como combustíveis e contas de luz, água e telefone), que têm peso de 31% no IPCA. Enquanto os analistas privados estimam que tais preços subirão 4,1% em 2008, a previsão do BC se mantém em 5,6%.
Espera-se que o BC reveja logo essa hipótese e se convença de que há margem para redução mais rápida dos juros.


Texto Anterior: Editoriais: Um bom plano
Próximo Texto: São Paulo - Clóvis Rossi: Collor-2010
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.