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ELIANE CANTANHÊDE
"Xô CPMF"
BRASÍLIA - Com o resto, se pode
brincar à vontade, distribuir entre
os aliados, nomear gente esquisita,
fazer o que quiser. Mas, como disse
Lula, em bom e alto som, "com saúde e educação a gente não brinca".
Não se deveria, então, brincar
com a CPMF, criada e digerida originalmente pela sociedade como
uma boa forma de fazer os que mais
movimentam dinheiro também financiarem mais a saúde.
Foi sob esse pretexto que o governo Itamar criou um "imposto provisório" sobre transações financeiras em 1993, e o governo FHC o
transformou em "contribuição" em
1996. Ela foi ficando, ficando e ficou. Dupla jabuticaba: invenção do
Brasil, "provisória" à brasileira.
Na verdade e na prática, a CPMF
garfa 0,38% das nossas transações
bancárias para que o governo devore, só neste ano, R$ 35 bilhões. Não
exatamente para aplicar em saúde,
mas para equilibrar suas contas e,
de quebra, fiscalizar a sonegação.
Desde 1996, a arrecadação da
CPMF já soma uns R$ 250 bi. Não é
pouco nem em países ricos, mas a
saúde não está uma maravilha. Ou
está? Cadê os hospitais, os equipamentos, os medicamentos, os médicos bem tratados e tratando bem?
Nem FHC quis nem Lula quer
largar esse osso, que acaba sendo
um imposto a mais num país que já
tem uma carga tributária pornográfica. Mas, agora, o PFL (novo Partido Democrata), que votou a favor
como governo e quer derrubar como oposição, está lançando o movimento "Xô CPMF" de fora para
dentro do Congresso. A partir das
indústrias, dos trabalhadores, de
órgãos de direitos do consumidor
até o voto dos partidos.
A guerra é boa e está começando
cedo, pois a CPMF só vence em 31
de dezembro. A infantaria oposicionista já criou site na internet
(www.xocpmf.com.br) e tem tudo para atrair a simpatia da mídia e
da população. Mesmo com o reforço do PMDB, o exército governista
vai ter muito trabalho.
elianec@uol.com.br
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