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Editoriais
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Nada novo sob o sol
A MESA do Senado Federal
melindrou-se. Há semanas não faz outra coisa senão explicar-se sobre uma coleção de deslizes. Todos casos menores, sem dúvida, não fossem o
volume e a repetição a atestar
um padrão de desprezo com o
núcleo de princípios constitucionais -legalidade, impessoalidade, moralidade administrativa e
publicidade- inerentes ao trato
com a coisa pública.
Uma hora é o diretor que omite
a propriedade de uma casa no valor de R$ 5 milhões, enquanto
outro cede o apartamento funcional para o filho. Depois se
soube do pagamento irregular de
horas extras para 3.000 servidores durante o recesso parlamentar em janeiro.
Surge então a denúncia de que
funcionários da Casa empregam
parentes em empresas prestadoras de serviços. Além disso, uma
mal explicada iniciativa de queima de arquivos destruiu 965 caixas com documentos do período
de 1965 a 2003.
Porta-voz do incômodo senatorial com tal surto de transparência foi o primeiro-secretário,
senador Heráclito Fortes (DEM-PI). Haveria "uma campanha orquestrada contra a Casa", o que
poderia apressar a "hora de fechar o Congresso". Sobre a proposta de publicar detalhes do uso
das passagens aéreas a que cada
parlamentar tem direito, Fortes
saiu-se com esta: "Vai ser um
constrangimento, não escapa
nem jornalista".
É a pior resposta que a Mesa do
Senado poderia oferecer à sociedade. Que se publiquem todos os
dados, então, dos viajantes financiados com dinheiro do contribuinte. O público só tem a ganhar com a revelação de quaisquer relações promíscuas.
"A luz do sol é o melhor desinfetante", disse Louis Dembitz
Brandeis (1856-1941), ministro
da Suprema Corte dos Estados
Unidos. Verdade que vale para
todos, e tanto mais para o Senado Federal.
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