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CARLOS HEITOR CONY
O Santo Daime
RIO DE JANEIRO - À margem do
episódio policial que fez duas vítimas fatais, o cartunista Glauco e
seu filho, assassinados por um cara
desequilibrado, já é hora de examinar fundamente o que é, o que pretende a seita conhecida como Santo
Daime. Ramal de alguma das religiões? Alternativa espiritual para
melhorar os seus seguidores? Modismo para chamar a atenção dos
outros para si mesmo e para seus
problemas?
Não sou entendido no assunto
nem pretendo me especializar nisso. Conheço dois depoimentos que
considero sérios sobre o Daime: o
primeiro, da atriz Maitê Proença,
que experimentou o tal chá de ervas
amazônicas que produzem efeitos
alucinógenos, mas provocam náuseas, diarreia e outros derivados. O
segundo é o de Otavio Frias Filho,
em seu livro "Queda Livre", coletânea em que o autor experimentou
diversas modalidades de risco, desde o uso do pára-quedas à peregrinação ao santuário de Compostela,
passando por uma incursão à Vila
do Mapiá, onde "uma comunidade
de místicos adeptos de uma seita
nativa no Acre -o Santo Daime-
encontrou sua Terra Prometida".
"Em tudo semelhante a tantas
outras seitas tributárias do cristianismo popular, o Santo Daime se
distingue por seu principal sacramento, a ingestão de uma bebida
feita à base de duas plantas amazônicas e capaz de induzir a estados de
percepção psicológica alterada".
Em princípio, o Daime seria uma
droga como outra qualquer, revestida de um caráter religioso que as
outras drogas no mercado dispensam, como o LSD, a maconha, a coca, o crack. Mas o efeito é semelhante. Leva a práticas que podem
desaguar num comportamento social também alterado, como o do assassino do cartunista, que, em princípio, usava o Daime para curar exatamente o consumo de droga.
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