São Paulo, quarta, 18 de março de 1998

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VAREJO GLOBAL

O acordo entre o Brasil e os Estados Unidos sobre o regime automotivo revela que na diplomacia econômica, atualmente, os avanços ocorrem principalmente no varejo.
Os grandes temas globais, as agendas pretensiosas, estão paralisadas. Não há acordo para a formação da Alca, o acordo multilateral sobre investimentos está adiado, a reforma da ONU e a ampliação do seu Conselho de Segurança chegaram a um impasse e a ordem monetária global é criticada, mas nada há para substituí-la no curto ou médio prazo.
Entretanto, a ausência de referências mais amplas não é obstáculo ao trabalho sobre temas específicos. O acordo entre Brasil e EUA, por exemplo, finalmente evitará que os norte-americanos iniciem na Organização Mundial do Comércio (OMC) uma ação contra o regime de proteção à indústria automobilística.
Ganha o governo brasileiro, que vem apostando numa nova fase de substituição de importações com novos investimentos de montadoras e fabricantes de autopeças estrangeiros. Mas ganham também os norte-americanos, pois o acordo amplia as possibilidades de importação de peças e automóveis como contrapartida de exportações que as empresas aqui instaladas venham a fazer.
Além desse acordo fundamental para a continuidade da política industrial brasileira, as conversações em Washington têm ainda um valor estratégico maior. A missão brasileira, liderada pelo ministro Luiz Felipe Lampréia, tratou não apenas de outros temas comerciais (como as barreiras a produtos brasileiros no mercado norte-americano), mas também entrevistou-se com Madeleine Albright, secretária de Estado. Ou seja, cresce o diálogo entre Brasil e EUA, envolvendo questões tópicas, num momento em que o grande confronto na Alca domina as atenções.
A Alca é um tema vasto. Mas é no varejo do curto prazo que se aprofunda a relação a partir da qual ainda se deverá construir um horizonte de longo prazo entre Brasil e EUA.



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