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VAREJO GLOBAL
O acordo entre o Brasil e os Estados Unidos sobre o regime automotivo revela que na diplomacia econômica, atualmente, os avanços ocorrem principalmente no varejo.
Os grandes temas globais, as agendas pretensiosas, estão paralisadas.
Não há acordo para a formação da
Alca, o acordo multilateral sobre investimentos está adiado, a reforma
da ONU e a ampliação do seu Conselho de Segurança chegaram a um impasse e a ordem monetária global é
criticada, mas nada há para substituí-la no curto ou médio prazo.
Entretanto, a ausência de referências mais amplas não é obstáculo ao
trabalho sobre temas específicos. O
acordo entre Brasil e EUA, por exemplo, finalmente evitará que os norte-americanos iniciem na Organização Mundial do Comércio (OMC)
uma ação contra o regime de proteção à indústria automobilística.
Ganha o governo brasileiro, que
vem apostando numa nova fase de
substituição de importações com
novos investimentos de montadoras
e fabricantes de autopeças estrangeiros. Mas ganham também os norte-americanos, pois o acordo amplia
as possibilidades de importação de
peças e automóveis como contrapartida de exportações que as empresas
aqui instaladas venham a fazer.
Além desse acordo fundamental
para a continuidade da política industrial brasileira, as conversações
em Washington têm ainda um valor
estratégico maior. A missão brasileira, liderada pelo ministro Luiz Felipe
Lampréia, tratou não apenas de outros temas comerciais (como as barreiras a produtos brasileiros no mercado norte-americano), mas também entrevistou-se com Madeleine
Albright, secretária de Estado. Ou
seja, cresce o diálogo entre Brasil e
EUA, envolvendo questões tópicas,
num momento em que o grande confronto na Alca domina as atenções.
A Alca é um tema vasto. Mas é no
varejo do curto prazo que se aprofunda a relação a partir da qual ainda
se deverá construir um horizonte de
longo prazo entre Brasil e EUA.
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