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Atenção, caipiras
CLÓVIS ROSSI
San José (Costa Rica) - O Diário Oficial da União circulou, no dia 19 de
janeiro, com um insólito "Aviso Importante" da Camex (Câmara de Comércio Exterior): pedia sugestões e
contribuições do público em geral para as negociações em torno da Alca
(Área de Livre Comércio das Américas).
A consequência foi igualmente insólita: surgiram mesmo contribuições,
até de pequenas e médias empresas e
de entidades de defesa do consumidor.
Parece um desmentido a tese do presidente Fernando Henrique Cardoso
de que o brasileiro é "caipira", ou seja,
não está ligado a questões externas.
Ainda acho que o presidente tem razão. Mas o Itamaraty parece sinceramente empenhado em mudar a situação. Tanto que propôs, na Conferência
Ministerial da Alca, em andamento
na Costa Rica, a constituição de um
Foro Consultivo Econômico e Social,
como parte integrante da estrutura
das negociações.
Ou seja, quer introduzir empresários
e sindicalistas, a sociedade organizada, enfim, diretamente na sala de negociações, em vez de confiná-los, como
até agora, na sala ao lado.
O diabo nessa história é que, consultado, o sindicalismo brasileiro pediu
tempo para unificar suas próprias posições, entre CUT, CGT e Força Sindical.
Consequência lamentável: se há representação sindical brasileira na
Costa Rica, não se percebe nem "na
sala ao lado".
Há, sim, quase 100 empresários, mobilizados, organizados e informados
de uma forma pouco comum no Brasil, a ponto de rivalizar com os norte-americanos, guardadas as proporções da riqueza de uns e de outros, como é óbvio.
Desnecessário dizer que a Alca, se e
quando vier a ser criada, terá portentosos efeitos na vida de cada um dos
brasileiros, distraídos ou não, empresários ou sindicalistas.
A tal de globalização não vai ficar
esperando CUT, CGT e Força resolverem suas pendências internas.
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