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FHC e a Arena rediviva
FERNANDO RODRIGUES
Brasília - Só há uma hipótese de o
PFL não apoiar Paulo Maluf (PPB)
para o governo de São Paulo.
Seria no caso de o candidato do
PSDB, possivelmente Mário Covas,
oferecer ao PFL na sua chapa as vagas
de vice-governador e de senador.
Além disso, Covas teria de procurar
os principais caciques pefelistas e se
declarar sinceramente interessado no
apoio do PFL à sua candidatura.
Quem conhece Covas sabe que essa
hipótese é tão remota quanto a seleção
jamaicana de futebol vencer a Copa
do Mundo da França.
O curioso dessa história é os chefes
do PFL insistirem em considerar, pelo
menos da boca para fora, três cenários
para o partido em São Paulo: apoiar
Maluf, apoiar Covas ou lançar candidato próprio. Como o PFL está no poder no Brasil há quase 500 anos, manda a prudência acreditar no que dizem os seus donos.
O fato concreto, entretanto, é que o
PFL deu ontem o primeiro passo concreto para a reconstrução da Arena
(Aliança Renovadora Nacional).
Até início da noite de ontem, 18 políticos do PFL e do PPB já haviam confirmado presença a um jantar capitaneado por Paulo Maluf e Antonio
Carlos Magalhães -dois expoentes da
antiga Arena, o partido de sustentação do regime militar.
Fracionada em 79, quando os militares permitiram a criação de vários
partidos, a Arena se espatifou de uma
vez em 84/85, durante a campanha de
Tancredo Neves a presidente. Agora,
ocorre um nítido processo de reaproximação dos quadros da direita.
Em São Paulo, a eventual eleição de
Maluf com a bênção do PFL será um
dos passos mais importantes para PFL
e PPB entrarem num processo de fusão até o ano 2000. Chegariam juntos
e unidos na sucessão de 2002 como o
grande partido de centro-direita liberal do país.
Não deixa de ser mais um feito do
governo FHC. Destruiu a oposição de
esquerda e pavimentou o caminho para a direita ressurgir. Não é nada, não
é nada, é o presidente-sociólogo pondo
em prática o seu projeto de país.
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