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MARCELO BERABA
A CPI da Corrupção
RIO DE JANEIRO - Quatro fiscais da
Secretaria de Fazenda do Rio e quatro auditores da Receita Federal estão presos, acusados de lavagem de
dinheiro, sonegação fiscal e manutenção de contas ilegais na Suíça, onde teriam mais de US$ 33 milhões em
depósitos.
Tudo indica que pelo menos uma
grande quadrilha agia no interior da
máquina arrecadadora do Rio. Agora, além dos documentos enviados
pela Suíça que deram início às investigações, somam-se os depoimentos
de duas testemunhas que confirmam
parte das operações criminosas: uma
ex-mulher e um intermediário.
As investigações dos achaques que
os fiscais faziam para arrancar dinheiro das empresas avançam, portanto. Há, ainda, no entanto, duas
zonas de sombras na história deste
escândalo na Secretaria de Fazenda.
Desconfia-se hoje que, além das extorsões praticadas pelos fiscais, tenha
havido negociatas na política de renúncia fiscal. Vários casos já relatados na CPI precisam ser aprofundados para que se saiba se as medidas
de incentivos atenderam ou não aos
interesses do Estado.
O outro front em que praticamente
não se avançou é o da suspeita de que
os fiscais não agiam sozinhos, mas tinham compromissos com políticos
que os nomeavam para inspetorias
com grandes volumes de arrecadação. No Brasil, em geral, a grana da
corrupção tem dois destinos: o enriquecimento pessoal (caso dos fiscais)
e o caixa dois dos políticos e partidos
para o financiamento de campanhas.
Há indícios de que, no Rio, tenha
havido uma associação lucrativa entre fiscais e alguns políticos. Não todos, alguns. Resta saber se os que não
se associaram têm força suficiente
para tocar a CPI da Assembléia Legislativa que apura as denúncias de
corrupção e enfrentar a investigação
de seus próprios pares.
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