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São Paulo, sexta-feira, 18 de abril de 2003

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MARCELO BERABA

A CPI da Corrupção

RIO DE JANEIRO - Quatro fiscais da Secretaria de Fazenda do Rio e quatro auditores da Receita Federal estão presos, acusados de lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e manutenção de contas ilegais na Suíça, onde teriam mais de US$ 33 milhões em depósitos.
Tudo indica que pelo menos uma grande quadrilha agia no interior da máquina arrecadadora do Rio. Agora, além dos documentos enviados pela Suíça que deram início às investigações, somam-se os depoimentos de duas testemunhas que confirmam parte das operações criminosas: uma ex-mulher e um intermediário.
As investigações dos achaques que os fiscais faziam para arrancar dinheiro das empresas avançam, portanto. Há, ainda, no entanto, duas zonas de sombras na história deste escândalo na Secretaria de Fazenda.
Desconfia-se hoje que, além das extorsões praticadas pelos fiscais, tenha havido negociatas na política de renúncia fiscal. Vários casos já relatados na CPI precisam ser aprofundados para que se saiba se as medidas de incentivos atenderam ou não aos interesses do Estado.
O outro front em que praticamente não se avançou é o da suspeita de que os fiscais não agiam sozinhos, mas tinham compromissos com políticos que os nomeavam para inspetorias com grandes volumes de arrecadação. No Brasil, em geral, a grana da corrupção tem dois destinos: o enriquecimento pessoal (caso dos fiscais) e o caixa dois dos políticos e partidos para o financiamento de campanhas.
Há indícios de que, no Rio, tenha havido uma associação lucrativa entre fiscais e alguns políticos. Não todos, alguns. Resta saber se os que não se associaram têm força suficiente para tocar a CPI da Assembléia Legislativa que apura as denúncias de corrupção e enfrentar a investigação de seus próprios pares.


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