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Segredos da Anatel
SERIA INCOMPREENSÍVEL ,
não fosse por levantar
suspeitas de que atende a
interesses turvos, o comportamento da maioria dos conselheiros da Agência Nacional de
Telecomunicações quanto à falta
de transparência da autarquia.
O regimento interno da Anatel
determina que as reuniões de
seu conselho diretor, responsável pelas decisões da agência, sejam abertas ao público. A norma,
que data da criação do órgão, em
1997, também prescreve a gravação das sessões. Seu conteúdo
-bem como as atas das reuniões,
informes e processos administrativos envolvendo operadoras- deveria ser público.
Mas essas regras, cumpridas
por diversos órgãos públicos do
país, jamais foram implementadas no âmbito da Anatel.
Eis que a conselheira Emília
Ribeiro apresenta um projeto
para fazer valer o que já devia estar em prática, e começa a sofrer
resistências.
Seus pares, embora não se manifestem abertamente sobre o
assunto, têm se mostrado refratários à iniciativa, conforme revelou reportagem desta Folha.
Vale lembrar que o objetivo da
agência é regular e fiscalizar o
setor de telecomunicações no
país, e assim oferecer à sociedade "serviços adequados, diversificados e a preços justos, em todo o território nacional".
É muito difícil compreender
de que forma o fim do sigilo em
torno dos processos decisórios
poderia voltar-se contra o interesse dos consumidores -que,
segundo os termos da legislação,
se confunde com os próprios objetivos da Anatel.
Ao contrário, a transparência é
fundamental para proteger a autarquia das duas maiores ameaças ao cumprimento de suas funções: a subordinação às diretrizes do governo de turno e a sua
cooptação pelas operadoras que
atuam no setor.
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